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AdUFF denuncia o atraso da luta por memória e justiça aos crimes da ditadura nas universidades do Rio

Atualizado: 27 de jun.

Foto: Laboratório de Agenciamentos Cotidianos e Experiências - LACE/UFF
Foto: Laboratório de Agenciamentos Cotidianos e Experiências - LACE/UFF

A Associação Docente da Universidade Federal Fluminense promoveu o debate “A Ditadura e as Universidades Públicas do Rio de Janeiro" com a presença de 6 pesquisadores desta área para compartilharem suas pesquisa, como a necessidade e/ou o resultado das comissões de investigação dos crimes da ditadura na Unirio, UERJ, UFRRJ e UFRJ. O debate aconteceu no Bloco O em 25 de junho e contou com sala cheia de alunos e professores.


O professor Rafael Vieira (UFRJ) apresentou os dados técnicos do desafio atual na primeira universidade do Brasil, que destacadamente sofreu com perseguições, exonerações e 23 assassinatos de estudantes, técnicos e professores. Dando exemplo da Faculdade Nacional de Filosofia – atual Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – que chegou a ter rondas de agentes do regime armados com metralhadoras no prédio. O pesquisador destacou as dificuldades técnicas que enfrentam para acesso de arquivos e documentos, e destacou a falta de interesse da atual direção da AdUFRJ (PT) neste assunto. Alguns documentos, como as atas do Conselho Universitário de 67-72 foram eliminadas, provavelmente pela própria orientação do manual dos agentes da repressão.


Na UERJ, diferente do que se prega no geral, o professor e historiador Fernando Brandão (UERJ-FFP) explica não só como foi a ditadura na universidade, mas sua própria origem autoritária ainda como Universidade do Estado da Guanabara (UEG), que foi construída diante da remoção violenta da Favela do Esqueleto. O pesquisador apontou que os agentes desarticularam a resistência dos moradores com repressão e sabotagem das assembleias. Após isso, o que o professor ajuda a desmascarar é o mito de que UERJ não foi afetada pelas perseguições, o que na verdade mostra a face mais podre do colaboracionismo dos dois primeiros reitores Haroldo da Cunha e João Lyra Filho, este último irmão do General Lyra, signatário do AI-5. O colaboracionismo foi a regra dentro dos segmentos de professores e estudantes, seja pela participação de professores no Projeto Rondon – projeto dos militares de ocupação da Amazônia – na publicação de militares nos periódicos UEG/UERJ e o estabelecimento de convênios com instituições militares como o IME, ESG e AMAN. Tendo inclusive a ditadura assassinado o estudante de Medicina Luiz Paulo em repressão a protesto do Centro Acadêmico no Hospital Universitário Pedro Ernesto.


Os professores da UFF, Wanderson Melo e Joana D’Arc, destacaram a urgente necessidade de se abrir a investigação na universidade, que el comparação aos crimes da UFRJ, é apontada como uma “ilha” mais democrática. O que não foi realidade, como o pesquisar Wanderson prova no seu livro “Atitudes de Rebeldia”, lançado pela EdUFF e parceria com Rafael Vieira, onde denunciam a perseguição a professores, estudantes e técnicos. O livro recebe o título da categorização dada pelos agentes militares as movimentações de professores contra o regime ou por reinvindicações de carreira. Um dos casos destacados pelo professor foi o do “atestado de ideologia” que deveria acompanhar os professores concursados para assumirem a cadeira na universidade. Para o professor da casa, houve “uma continuidade da ditadura” depois de 88, o que permitiu a manutenção da tutela militar e a não punição dos torturadores.


A professora Ana Beatriz de Oliveira (UFRRJ) destacou que a luta pela “memória perfeita” não garante por si só a não repetição dos métodos fascistas, visto que mesmo países que puniram e elegeram seus memoriais, como a Argentina, ainda sofrem com a subida de Millei ao governo. O professor Rodrigo Castelo (UNIRIO) destacou como funcionou a comissão recente na sua universidade, que teve 2 representantes dos 3 segmentos da comunidade universitária e um da reitoria em minoria. Alguns professores da mesa demarcaram sua posição de que a luta por memória, verdade e justiça não é o suficiente para barrar o ascenso fascista, pois este é produto do sistema capitalista e sua burguesia. Mas que esta luta é um importante passo para justiça.


A professora Joana D’Arc, que também é do Grupo Tortura Nunca Mais denunciou a Comissão Nacional da Verdade do governo Dilma/PT, a chamando de Omissão Nacional da Verdade e Comissão Nacional da Mentira. Explicando que a insuficiência e dificuldade apresentada pelos professores pesquisadores é resultado do fracasso da comissão, que além de só ter conseguido confirmar a ossada de um desaparecido, permitiu aos militares o sigilo. Forma criminosa que protegeu os torturadores de serem identificados, os permitindo contar as histórias do porão do regime sem se implicarem judicialmente. A pesquisadora também comemorou a cassação do título honoris causa de Jarba Passarinho, também signatário do AI-5, que foi dado pela UFF e cassado pelo Conselho Universitário em pedido da AdUFF em 12 de março deste ano.


Para acompanhar todo o debate, a palestra foi gravada e transmitida pelo canal do Youtube da AdUFF:



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