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Quem irá prender os terroristas do BOPE?


Imagens: Reprodução

São absolutamente revoltantes as imagens de uma festa junina na comunidade Santo Amaro, no bairro carioca da Glória, interrompida por uma operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da PM do Rio de Janeiro. Durante o tiroteio, o jovem Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, foi atingido por dois disparos e faleceu. Ele trabalhava como office-boy em uma imobiliária. Além de Herus, mais cinco pessoas se feriram, inclusive um adolescente de 16 anos. Numa noite de sexta, durante apresentação de quadrilhas locais, com as ruas lotadas de crianças e idosos, só há um qualificativo adequado para uma ação deste tipo: terrorismo de Estado.


Em manifestação ao portal G1, a PM disse, primeiro, que realizou uma ação para a retirada de portões utilizados por barricadas. Diante do escárnio homicida que troca vidas por coisas, atualizou a versão posteriormente, dizendo que se tratou de uma operação de emergência para evitar a invasão de um morro rival ao Santo Amaro. Ou seja, em nome de evitar danos eventuais, assassinam no presente. Ao mesmo portal, Cassiano da Silva, presidente da Associação de Moradores do Santo Amaro, declarou: “Foi uma tamanha covardia do estado. Era a estreia na nossa quadrilha. Em seguida, começamos a ver pessoas pisoteadas, crianças chorando, jovens sem saber o que fazer, pessoas de fora baleadas". Segundo Cassiano, a festa junina ocorre tradicionalmente na comunidade desde a década de 1980. Na manhã deste sábado (7), a comunidade se manifestou contra a barbárie da operação policial.


O que dirão agora os carniceiros dos programas sensacionalistas de televisão –apologistas da tortura e da morte –, que há poucos dias babavam de ódio acerca das músicas do MC Poze? Alguém poderá sustentar que elas “matam mais do que um tiro de fuzil”, diante do horror institucionalizado que massacra a população jovem e negra nas favelas e periferias brasileiras, que faz com que inclusive tantos jovens vejam na filiação ao tráfico local a única alternativa para terem algo parecido com dignidade? O que são a fuga de Zambelli, a estreia de Ancelotti, a popularidade de Lula, diante da dor de mais uma família dilacerada pela sanha assassina dos “homens de preto”?


O Ministério Público do Rio (MPRJ), também conhecido como “Mata Pretos RJ”, disse que foi avisado com antecedência da operação, ou seja, atestou a sua legalidade, nos marcos do que determinou recentemente o STF. Legalização da ilegalidade, uma espécie de lavagem – só que não de dinheiro, de sangue, numa das maiores lavanderias homicidas do mundo. Com efeito, segundo o Atlas da Violência divulgado há pouco pelo IPEA, sessenta jovens entre 15 e 29 anos foram assassinados por dia no país em 2023. Este é o nosso genocídio cotidiano, flagelo constante sob qualquer governo, que faz com que haja tantas Faixas de Gaza entranhadas em território brasileiro.


Manifestação na manhã deste sábado (7). Foto: @vozdascomunidades/Instagram
Manifestação na manhã deste sábado (7). Foto: @vozdascomunidades/Instagram

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