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­Trump ameaça intervenção imperialista na Nigéria

Foto: Mark Schiefelbein/AP
Foto: Mark Schiefelbein/AP

­No Domingo (2), após ser questionado por um repórter da AFP se enviaria tropas americanas à Nigéria ou realizaria ataques aéreos sobre o país, Donald Trump respondeu que “Pode ser, quer dizer, muitas coisas; estou considerando muitas coisas”.


As ameaças começaram com posts na rede Truth Social (rede adotada pela extrema-direita americana diante dos atritos entre Trump e Musk). No sábado, o presidente dos EUA anunciou que instruiu seu “Departamento de Guerra” a se preparar para uma possível ação e intimidando o Governo nigeriano a “se mobilizar rapidamente” para impedir que a ameaça se realize. Trump fala em “matança de cristãos” por “terroristas islâmicos”.


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Ele se refere aos ataques perpetuados por grupos fundamentalistas islâmicos na região do norte e nordeste da Nigéria, principalmente pelo grupo conhecido como Boko Haram, que tem sido alvo dos holofotes fascistas que acusam um “genocídio cristão” no país, fazendo coro com acusações semelhantes em outros territórios como com a África do Sul, com os chamados Boers, descendentes dos colonos brancos e produtores do apartheid no país, que já foram assunto na boca de Trump.


Fato principal que é invertido nos discursos dos porta-vozes dos agressores imperialistas é que a maioria dos ataques, intensificados desde 2016, ocorre em território de maioria mulçumana, que tem sido a parcela majoritária da população vítima dos ataques, não a população cristã como alegam, que é predominante no sul do país. Estes mulçumanos são considerados “infiéis” por divergir da interpretação do “sharia” (leis islâmicas) destes grupos armados.


O desenvolvimento do Boko Haram, e outras “correntes” como o Estado Islâmico da África Ocidental, está ligado ao desenvolvimento histórico do pan-islamismo na região, que desde o início do século XIX se desenvolveu atrelando as mazelas da população de camponesa do país com os impostos pesados do Estado e o sistema de castas impostos pelas Classes Dominantes, identificadas com o “Ocidente” e com práticas “pecadoras” pela cultura política de conteúdo religioso da população. Desde então, as “Pessoas Dedicadas aos Ensinamentos do Profeta para Propagação” (tradução do nome oficial do Boko Haram em árabe: Jama'atu Ahlis Sunna Lidda'awati wal-Jihad) se espalham na medida em que a miséria se reproduz sob novas bases na reorganização do sistema colonial em sistema imperialista.


Ponto crucial para as considerações sobre a intentona de Washington, que desde o começo dos anos 2000 vem encapadas com a insígnia de “Antiterror” para os países da África e do Oriente Médio, são as terras raras, o novo objeto de cobiça no espólio semicolonial. A região que é palco dos jihadistas é rica em depósitos de lítio, níquel, cobalto, cobre, lantâneo, neodímio e outros minerais estratégicos utilizados como matérias-primas na indústria de semicondutores, painéis solares, turbinas eólicas e tecnologia de última geração em geral, mas também, e aqui talvez devemos dar maior atenção, armamentos de alta precisão como aqueles utilizados na Ucrânia em Gaza pelos exércitos agressores e ocupantes. As ameaças não são vazias, espelham interesses por influência na região, sua disputa o social-imperialismo chinês, e a tentativa de renovar as bases do império americano colocando seus tentáculos nos quatro cantos do planeta.


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