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Recentemente uma pauta tem sido destaque nos monopólios de mídia: as terras raras e sua importância para o desenvolvimento tecnológico, econômico e militar.


Foto: José Cícero/Agência Pública
Foto: José Cícero/Agência Pública

O que são as terras raras e para que servem?


As chamadas terras raras são um grupo de 17 elementos químicos¹ que na natureza se encontram, geralmente, misturados a outros minérios. Recebem esse nome devido à dificuldade de extração que se dá por meio de processos com alto custo e com grande potencial poluidor do meio ambiente.


As terras raras são usadas na fabricação de vários equipamentos e dispositivos, a saber: (a) células solares; (b) turbinas eólicas; (c) baterias de carros elétricos; (d) cabos de transmissão de energia; (e) equipamentos médicos de imagem e para o tratamento de câncer; (f) protetores solares; (g) armas e mísseis; (h) foguetes espaciais; (i) celulares e smartphones; (j) catalisadores ; (l) imãs; (m) lasers; (n) lâmpadas de LED, etc. Devido à sua importância econômica, as terras raras são atualmente os recursos mais estratégicos do planeta.


Esses minerais possuem um alto valor comercial. O quilo de neodímio e de praseodímio, utilizados na fabricação de super ímãs, custa cerca de R$ 353,00. A mesma quantidade de térbio, usado para produzir lasers, ultrapassa os R$ 5.460,00. Para fins de comparação, o quilo de minério de ferro custa aproximadamente R$ 0,53².


Onde estão as reservas de terras raras?


Em 2019, as reservas mundiais de terras raras somavam 115,6 Mt (milhões de toneladas)³ ⁴. Na época, China, Brasil, Vietnam, Rússia, Índia e Austrália concentravam 95% das reservas de terras raras conhecidas no mundo.


Reservas mundiais de terras raras por países em 2019
Reservas mundiais de terras raras por países em 2019

A China é responsável por mais de 60% da produção global e quase 90% do refino de terras raras. A principal mina é Bayan Obo, no norte do país, com grandes reservas de elementos usados na fabricação de imãs permanentes.


A disputa interimperialista pelas terras raras


As terras raras se constituem em uma poderosa arma geopolítica, colocando mais lenha na fogueira da contenda interimperialista em curso. A separação das terras raras é feita quase exclusivamente pela China, que detém as patentes do processamento desses minerais. Isso complica a situação de megacorporações, como as big techs⁵, estadunidenses, pois 80% das terras raras que utilizam tem origem chinesa. A preocupação ianque não é somente econômica, o domínio chinês causa preocupação nas questões relacionadas à segurança nacional. Isso explica o acordo apresentado pelo fascista Donald Trump a seu lacaio Zelensky: pagar a ajuda militar e financeira que seu governo tem dado à Ucrânia com terras raras e outros minerais estratégicos, como cobre, silício e paládio, que serão o motor, por exemplo, da expansão da infraestrutra de inteligência artificial do EUA.


No centro de outra polêmica do chefete reacionário ianque, a compra da Groenlândia, estão também as terras raras. Estima-se que no sul da ilha possa existir uma reserva com mais de 28 milhões de toneladas dos minerais tão necessários ao EUA. Os planos de Trump para o território, que pertence à Dinamarca, envolvem também dominar as rotas de navegação que se abrirão com o derretimento das geleiras do Ártico, devido ao aquecimento global.


Na reunião do G7, realizada em junho de 2025 no Canadá, foi definida uma estratégia conjunta para o enfrentamento do domínio chinês em relação às terras raras. A estratégia das sete maiores economias do mundo é a diversificação da produção e do fornecimento global desses minerais estratégicos. A estratégia do imperialismo passará inevitavelmente pelo Brasil.


O Brasil e as terras raras


A primeira jazida de terras raras (areias monazíticas⁶) foi descoberta no Brasil em 1886, na Praia de Cumuruxatiba, atual município de Prado no sul da Bahia. No início do século XX, o país era o maior fornecedor mundial de monazita que na época era usado na produção de mantas incandescentes que permitia a emissão de luz branca pelos lampiões a gás.


Na década de 1950, a técnica de separação e extração de terras raras era dominada por pesquisadores brasileiros, mas haviam poucas aplicações tecnológicas para esses materiais à época. No final dessa década, a invenção da TV a cores aumentou a demanda pelas terras raras, em especial do európio que era usado nas telas para produzir imagens coloridas. A seguir, a construção de ímãs de alta potência e lasers demandaram a extração de neodímio a partir da monazita, mas nesta época a casta política e a classe dominante – serviçal do imperialismo – fez mais uma vez manifestar o caráter semicolonial do Estado, focando na exportação de minério bruto (minério de ferro, principalmente), abrindo mão de desenvolver tecnologias para explorar as terras raras.


Jazidas de terras raras no Brasil


O Brasil possui jazidas de terras raras para além das disponíveis nas areias monazíticas do litoral brasileiro. A chamada Caldeira de Poços de Caldas, no sul do estado de Minas Gerais, abrange uma área de 750 km2 sobre um vulcão extinto há 120 milhões de anos. A característica principal dessa jazida é ser formada por rocha alcalina, que no decorrer do tempo se transformou em argila rica em terras raras. Essa é a segunda maior reserva de argila alcalina iônica do mundo, ficando atrás somente de uma mina na Sibéria.


Desde 2022, vejam bem, duas empresas australianas (PVW Resources e Viridis Mineração e Minerais) realizam estudos para a extração dos minerais na região.


O Brasil possui reservas de terras raras no município Catalão, em Goiás, e Pitinga, no Amazonas (estado em que as reservas de terras raras provavelmente são muito maiores do que o comprovado atualmente).


Além das terras raras disponíveis no continente, o Brasil possui uma formação geológica a cerca de 1.200 km da costa do Rio Grande do Sul e a 5 mil metros de profundidade, que desde 2018 é reivindicada junto à ONU como parte de seu território⁷.


Com uma área equivalente ao território da Espanha (500 mil km2), a Elevação do Rio Grande (ERG) já foi uma ilha tropical e de acordo com análises geológicas é uma continuação natural do território continental brasileiro. Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a ERG está fora dos limites da Zona Econômica Exclusiva pois está localizada para além dos 370 km a partir da costa. Dessa forma, o Brasil não poderia explorar os seus recursos naturais, estando a ERG em águas internacionais, sendo portanto “patrimônio comum da humanidade”.


A Elevação do Rio Grande possui as chamadas crostas de ferro-manganês e nódulos polimetálicos formados por cobalto, níquel, platina, selênio, molibdênio, nióbio e telúrio. Esses são os chamados “elementos E-Tech” essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia.


Ciência brasileira e soberania popular em relação às terras raras


Enfrentando os desafios para o exercício da atividade científica e removendo montanhas e obstáculos como o velho Yukong⁸, mulheres e homens persistem na cruzada em defesa da Ciência no Brasil. Pesquisas sobre terras raras estão sendo realizadas no país, com resultados bastante promissores. Dentre os trabalhos científicos estão os que se dedicam a desenvolver métodos de separação de terras raras não poluentes com base na nanotecnologia, aplicação em sistemas de iluminação, lasers, produção de aço, células solares, filtros de raios ultravioletas, catalisadores automotivos e domínio da fabricação de super ímas⁹.


Apesar das condições geológicas únicas para se tornar protagonista na chamada transição energética e tecnológica no século XXI, enquanto existir esse sistema apodrecido comandado pela classe dominante venal, formada por latifundiários, grandes empresários, banqueiros e a canalha casta política, o povo brasileiro não terá soberania e nem usará seus recursos naturais em prol da melhoria da sua qualidade de vida. A persistir esse projeto político e econômico no país, o quinhão que cabe ao povo com as terras raras serão os crimes como os do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e de Brumadinho, ambos em Minas Gerais.


Entre 2020 e 2023, os conflitos entre camponeses, trabalhadores e indígenas, e as empresas multinacionais de mineração dos “elementos E-Tech” e da transição energética, afetaram mais de 100 mil pessoas no Brasil¹⁰. No chamado “Vale do Lítio”, região do Jequitinhonha em Minas Gerais, nos municípios de Barcarena e Abaetuba no Pará outras regiões do país, o povo está sofrendo com o desmatamento, poluição dos rios, prejuízos em suas atividades econômicas e problemas de saúde como câncer, Mal de Alzheimer, doenças de pele, problemas de estômago e diarreia.


Denunciar a casta política e jurídica em seus projetos de entrega dos recursos naturais do país à sanha sanguinária dos amos imperialistas, apoiar incondicionalmente e contribuir para organizar a resistência popular contra os chamados “empreendimentos” da mineração das multinacionais é a tarefa que cabe aos progressistas e revolucionários do Brasil.


¹ Os elementos químicos chamados de terras raras são: (i) Sc – escândio; (ii) Y – ítrio; (iii) La – lantânio; (iv) Ce – cério; (v) Pr – praseodímio; (vi) Nd – neodímio; (vii) Pm – promécio; (viii) Sm – samário; (ix) Eu – európio; (x) Gd – gadolínio; (xi) Tb – térbio; (xii) Dy – disprósio; (xiii) Ho – hólmio; (xiv) Er – érbio; (xv) Tm – túlio; (xvi) Yb – itérbio; e (xvii) Lu – lutécio.


Posição das terras raras na Tabela Periódica de Elementos Químicos
Posição das terras raras na Tabela Periódica de Elementos Químicos

² Valores em Junho/Julho de 2025




⁵ Grandes corporações da área de tecnologia que atuam no setor de comunicação, eletrônica e internet.


⁶ Constituídas por fosfatos de metais do grupo do cério, lantânio, tório e neodímio.





¹⁰ Relatório Transição Desigual: as violações da extração dos minerais para a transição energética no Brasil. Disponível em: https://emdefesadosterritorios.org/wp-content/uploads/2024/07/TRANSICAO_DESIGUAL_as_violacoes_da_extracao_dos_minerais_para_a_transicao_energetica_no_Brasil_.pdf




Publicamos abaixo tradução da notícia veiculada originalmente no portal online do jornal Telangana Today, no dia 05/07/2025.



Naxalitas, como são conhecidos, classificam os relatos dados pela polícia local como parte de uma guerra psicológica com o objetivo de enganar o público e confundir a cúpula do Partido Comunista da Índia (Maoista).


O camarada Jagan, porta-voz do Comitê Estadual do PCI (Maoista) em Telangana, refutou relatos que sugeriam que Damodar, membro do Comitê Estadual do partido, planejava se render à polícia.


Vários jornais e plataformas de mídia social alegaram que Damodar se renderia em 1º de junho. O camarada Jagan alegou que a polícia estava deliberadamente espalhando tal desinformação. Alegações semelhantes já haviam sido feitas anteriormente, incluindo relatos falsos de que Damodar teria sido morto em confrontos ou teria se rendido, afirmou Jangar, classificando os relatos como parte de uma guerra psicológica com o objetivo de enganar o público e confundir a cúpula do partido.


Jagan esclareceu que o PCI (Maoista) não tinha nenhuma ligação com uma declaração divulgada em 26 de junho contra o Ministro Seethakka.


Jagan também afirmou que o governo de Telangana se opôs à Operação Kagaar e exigiu que o governo central encerrasse os falsos encontros com a polícia. No entanto, ele alegou que a polícia estava ameaçando pessoas tribais inocentes nos distritos de Mulugu, Kothagudem e Asifabad, convocando-as para delegacias, apesar de não haver nenhuma atividade maoista ativa em Telangana.


Foto: Markos Ferreira
Foto: Markos Ferreira

Na tarde da última sexta (11), durante o festival de música Semana do Rock, promovido pela Prefeitura de São Paulo, a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo sofreu grave censura por se posicionar ao lado do povo palestino. A produtora do grupo, Francesca Ribeiro, disse que desde o início do show, antes mesmo da primeira música, a organização do festival já queria impedir que a banda exibisse a consigna "Palestina Livre" no telão.


Faltando 20 minutos para o encerramento do show, depois de ter exibido não só a bandeira da Palestina, mas também de diversos outros países dominados pelo imperialismo, o telão foi apagado, os microfones foram cortados e a banda ameaçada de multa, assim interrompendo de vez que ela pudesse se manifestar livremente.


Em nota, a banda denunciou que "no contrato, não há qualquer cláusula que nos impeça, e manifestar-se publicamente a favor da Palestina não é crime em nosso país" e que "o que aconteceu hoje na chamada ‘Semana do Rock’ não condiz com o que o rock representa. Rock é insubmissão, é transgressão. [...] O que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia. Em nenhum momento (até a censura) houve qualquer menção à Prefeitura. Foi covardia. Continuamos firmes com nossas posições e esperamos o apoio de vocês.”


A solidariedade à causa de libertação da Palestina não tem ocorrido em nosso país senão sob o véu da repressão. Em manifestação recente na própria capital paulista, a Polícia Militar impediu o uso de cartazes e ameaçou quem os utilizasse de abordagem, sem fundada suspeita de crime.


Manifestamos nossa solidariedade à banda e admiração pelo seu firme posicionamento. Se a consigna foi censurada no telão, usamos o nosso espaço para bradá-la mais e mais:


Palestina livre e soberana, do rio ao mar!


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