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França: torcedores driblam censura e apoiam Palestina durante final

Faixa com o dizer "Parem com o genocídio em Gaza" exibido durante a final do campeonato. Foto: Middle East Monitor.
Faixa com o dizer "Parem com o genocídio em Gaza" exibido durante a final do campeonato. Foto: Middle East Monitor.

No dia 31 de maio de 2025, depois da vitória da equipe francesa Paris Saint-Germain em Munique, Alemanha, na final da Champions League, milhares de franceses na capital e outras cidades comemoraram nas ruas a primeira vez que a equipe ganhou o campeonato europeu. A comemoração levou a massivos protestos em Paris e outras cidades. A polícia da França chegou a prender pelo menos seiscentos manifestantes e duas pessoas morreram.

Somente na capital foram cerca de 500 presos. O presidente da França, Emmanuel Macron, fez uma declaração parabenizando o aparelho repressivo do Estado e diz lamentar pelas perdas dos empresários que tiveram suas lojas destruídas durante as celebrações-manifestações. Além disso, Macron, financista de carreira, lamentou a situação de um policial que está em coma por conta dos confrontos. Nenhuma palavra, entretanto, foi dita sobre as duas pessoas que morreram no mesmo dia.


Repressão à comemoração que se alastrou como manifestação. Foto: The Guardian.
Repressão à comemoração que se alastrou como manifestação. Foto: The Guardian.

Nos vídeos divulgados pelas redes sociais, podemos ver bem quais eram os estabelecimentos que foram alvo dos manifestantes. Boutiques de luxo como Lucie Sant-Clair e Chanel -uma das marcas de luxo mais valiosas do mundo-, o monumento das Olimpíadas em frente a Torre Eiffel e carros de luxo. Quase 300 veículos foram queimados.


Durante o jogo, que teve como resultado 5-0 a favor da equipe do PSG, uma gigantesca faixa com o dizer “Parem o genocídio em Gaza” foi erguida nas arquibancadas. A torcida conhecida como ultras do PSG também afirmou sua solidariedade aos palestinos no estádio gritando “Foda-se Israel” e “Liberdade para a Palestina”.


A UEFA (sigla em inglês para União das Associações Europeias de Futebol) proíbe o que chamam de “manifestações políticas” dentro dos estádios, e o Ministro do Interior da França fez uma declaração que reforça a censura de manifestações políticas nos esportes franceses.


Ainda antes do jogo, em direção ao estádio, centenas de pessoas marcharam para o estádio gritando “Nós somos os filhos de Gaza”.


Enorme bandeira com o dizer "Palestina livre" exibido pela torcida do PSG durante um jogo da temporada. Foto: Punch Magazine.
Enorme bandeira com o dizer "Palestina livre" exibido pela torcida do PSG durante um jogo da temporada. Foto: Punch Magazine.

O PSG é o time de futebol mais popular de Paris. Fundado nos anos 70, começou a receber financiamento do Qatar Sports Investment em 2011, possuindo hoje a maior parte das suas ações. Neste momento, o clube começou a contratar estrelas internacionais do futebol como Neymar, Messi, apesar de muitos dos seus jogadores serem imigrantes norte-africanos e árabes, tendo como grande parte dos seus fãs imigrantes de antigas colônias francesas.


Seja como for, existe um grande abismo social entre os patrocinadores do time e seus torcedores. O maior investidor do time, a Qatar Sports Investment, ligada ao ministério de finanças do Qatar, tem como tradição ser chefiada por diversos sheikhs árabes. Entretanto, milhares de torcedores do PSG têm constantemente feito esforços por politizar a história do futebol e ele mesmo, como visto neste último jogo, numa campanha massiva pela luta do povo palestino.


A propaganda dos grandes monopólios de imprensa têm noticiado as comemorações do jogo e os massivos protestos como parte de uma onda de vandalismo sem razão e desordem generalizada. Porém, aos torcedores franceses não faltam inúmeras denúncias acumuladas contra o Estado Francês, como sua passividade diante do genocídio palestino. Assim, os torcedores tem feito justiça (mais uma vez) através de sua comemoração combativa e assim reafirmam sua reputação rebelde perante ao mundo. Diante da situação política atual, não há “hora certa” para se rebelar, e qualquer acontecimento pode ser, facilmente, uma faísca.

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