Israel assassina toda a equipe jornalística do jornal Al Jazeera em Gaza em meio a plano de controlar todo o território
- Redação
- há 4 dias
- 5 min de leitura
Atualizado: há 24 horas

No dia 6 de agosto de 2025, durante uma reunião de segurança com poucas pessoas, Netanyahu discutia opções para a continuação de um plano de guerra na Faixa de Gaza. Apesar de oposições dentro do seu governo, que diziam que a ocupação total do território seria muito pesada para Israel suportar (tanto economicamente quanto politicamente), o plano de ocupação total foi aprovado. Nenhuma dessas oposições, porém, leva em conta a vida dos palestinos ou mesmo o direito ao seu território. As oposições são meras discordâncias táticas, baseadas em como Israel será visto pelo mundo depois de 22 meses de intensificação do seu genocídio. O líder da oposição em Israel, Yair Lapid, criticou a decisão dizendo: “O plano vai demorar meses, levar à morte dos reféns e de diversos soldados (israelenses), custará 10 bilhões em impostos para Israel e levará a um colapso político”, escreveu ele na rede social X.¹
Na sexta-feira passada, dia 8 de agosto de 2025, o gabinete de segurança de Israel aprovou este plano de tomar o controle total de Gaza. Isso pode parecer uma surpresa para nós que não vivemos neste estado de guerra que Israel transformou Gaza, porém, para quem sofre o genocídio: “Não resta mais nada a ser ocupado.”². Essa foi uma frase dita pela palestina Mayssa al-Heila ao jornal Al Jazeera após saber do “novo” plano de Israel.
Por que então, depois de 22 meses de ocupação sionista com ataques e assassinatos diários, Israel decide formalizar seu genocídio? Foi o que se perguntou Ahmad Ibsais num artigo escrito para o Al Jazeera³. Segundo ele, o plano de Israel é destruir, usar como arma de guerra a fome, ocupar, exigir desmilitarização e depois prosseguir com seu plano de limpeza étnica no território de Gaza, sem deixar rastros de seu crime. Uma das maneiras que Israel vem praticando para tentar esconder seus crimes é impedir — isto é, assassinar — os jornalistas de denunciarem o genocídio que comete. Até agora foram cerca de 270 jornalistas assassinados.
O plano, segundo Israel, tem cinco objetivos: desarmar o Hamas, garantir o retorno de todos os reféns, desmilitarizar a Faixa de Gaza, controlar a segurança do território e estabelecer “uma administração civil alternativa, não sendo nem o Hamas nem a Autoridade Palestina”. O foco do plano de Israel agora é forçar o deslocamento de cerca de 1 milhão de pessoas que estão em Gaza City para o norte de Gaza e tomar posse dos campos de deslocados e refugiados na região, dos quais Israel diz “acreditar” que é onde se encontram os reféns — mas sem provas mais concretas do que a sua crença. Os campos de deslocamento e de refugiados da cidade de Gaza são onde grande parte da população de Gaza vive hoje, após ter sido forçada ao deslocamento com a destruição de suas casas pelas forças militares sionistas de Israel.
Israel também declarou que “a Força de Defesa de Israel (IDF) vai se preparar para tomar o controle da cidade de Gaza enquanto proverá ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate”. Segundo a própria mídia israelense, mais de 10 mil soldados são necessários para controlar totalmente o território.
Hoje, as forças militares genocidas de Israel controlam cerca de ¾ do território de Gaza, sendo que mais de 1 milhão de palestinos se encontram hoje nesse território “livre” do controle de Israel. Segundo o conglomerado reacionário BBC⁴, cerca de 90% da população de Gaza sofreu com o deslocamento forçado devido aos ataques de Israel ao seu território. Isso equivale a cerca de 2,2 milhões de palestinos deslocados de suas casas desde 8 de outubro, alguns mais de uma vez.
Alguns países, como a Austrália (que reconheceu o Estado da Palestina tardiamente, há poucos dias), Finlândia e Turquia condenaram o plano. A Alemanha, depois de 22 meses de sustento militar, declarou que irá suspender o suporte de equipamentos militares que poderiam ser usados em Gaza por Israel. Entretanto, Trump perpetua sua fama de um dos elementos fascistas mais odiados pelos povos oprimidos, dando carta branca para Israel decidir fazer o que bem entender com o território e o povo de Gaza. Ele declarou que a questão de ocupar Gaza ou não “está nas mãos de Israel”.
Toda a equipe do jornal Al Jazeera é assassinada de forma premeditada
Os membros da equipe do Al Jazeera assassinados por Israel são os repórteres Ana Al Sharif e Mohammend Qreiqeh e os cinegrafistas Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal. Eles representavam, até domingo passado, 10 de agosto de 2025, dia de seu assassinato, toda a equipe de reportagem em Gaza. Os quatro foram mortos por um míssil que tinha como alvo uma de suas tendas de mídia perto do hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza. Os jornalistas assassinados eram todos jovens pró-Palestina e tinham entre 23 e 37 anos.
Todos os repórteres passaram 22 meses documentando a vida da população em Gaza em meio ao genocídio e eram, como as massas palestinas os chamavam, “suas vozes”. Desde que Israel baniu toda mídia estrangeira de Gaza, os jornalistas palestinos eram os únicos responsáveis por contar a história de seu povo. Quase todos os repórteres perderam parentes significativos durante a guerra e continuaram a noticiar as crueldades praticadas pela besta sionista. Alguns deles nasceram e foram criados em meio à ocupação sionista em Gaza. Eles dedicaram sua vida para contar as histórias de luta de homens e mulheres palestinos em busca do seu direito ao território.
O Estado sionista de Israel os descrevia como terroristas ligados ao Hamas, para preparar a narrativa de mais um dos seus crimes de guerra. Um dos jornalistas mais conhecidos, Al-Sharif, tinha plena noção de que sua vida corria perigo, pois recebia ameaças constantes de militares israelenses. Antes de ser assassinado, ele disse: “Tudo isso está acontecendo porque a cobertura dos crimes cometidos pela ocupação de Israel na Faixa de Gaza é uma ameaça para eles e mancha sua imagem perante o mundo. Eles me acusam de ser terrorista porque a ocupação quer me assassinar moralmente.”
Alguns acreditam que suas mortes não foram ocasionais, mas selecionadas por Israel. Diferente dos outros 270 jornalistas dos quais se sabe que foram assassinados por forças militares de Israel desde 7 de outubro, o governo de Israel reconheceu orgulhosamente — e pela primeira vez — o assassinato desses jornalistas.
Atualmente, Israel ainda impede a mídia estrangeira de entrar na Faixa de Gaza, com medo de que noticiem seus crimes bárbaros. As únicas mídias estrangeiras autorizadas a permanecer em Gaza são aquelas que se submetem a ter todos os materiais avaliados pelos militares de Israel antes de sua publicação e que operam sob vigilância extrema do sionismo, sem poder falar livremente com quaisquer palestinos.
Além disso, o departamento de inteligência de Israel também removeu os arquivos de evidência de que os sionistas e as forças israelenses cometeram crimes de guerra durante o Nakba de 1948. Diversos protestos pelo mundo se seguiram após o assassinato dos jornalistas e a continuação da política genocida de Israel, que tem em suas mãos a morte de 227 palestinos por inanição (sendo 103 deles crianças) e 89 palestinos mortos por bombardeios somente nas últimas 24 horas.
Em Ramallah, ocupada pelas hordas sionistas de Israel, palestinos encheram as ruas entoando as bandeiras da Palestina e mostrando os rostos dos jornalistas assassinados. Na Tunísia, centenas marcharam pelas ruas exigindo punição de Israel pelos ataques. Também houve protestos em partes da Irlanda, Washington, Londres, Oslo e Estocolmo.
1 https://www.aljazeera.com/news/2025/8/8/israeli-security-cabinet-approves-plan-to-occupy-gaza-city-report [em inglês]
2 Idem.
3 https://www.aljazeera.com/opinions/2025/8/11/israel-is-occupying-gaza-to-clean-up-the-crime-scene [em inglês]
4 https://www.bbc.com/news/world-middle-east-20415675 [em inglês]