Os bombardeios e ataques dos Estados Unidos não poderão derrotar o Irã
- Redação
- 22 de jun.
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Atualizado: há 6 dias

Na noite deste sábado, 21 de junho (madrugada de domingo em Teerã), o imperialismo norte-americano bombardeou diretamente o território iraniano, profanando uma nação milenar, cujo peso histórico e orgulho nacional supera em muito o dos seus arrogantes agressores. Seguindo o exemplo de Hitler, que invadia países sem declaração prévia ou mesmo na sequência de acordos, Donald Trump bombardeou as supostas instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, dias após declarar que decidiria como agir em duas semanas. Minutos após a agressão bárbara, o inimigo número 1 dos povos do mundo disse que esperava que o Irã não respondesse, o que é um delírio imperial deste maldito degenerado e não a realidade objetiva. Instantes após a pérfida agressão, a liderança dos Houthis no Iêmen disse que os Estados Unidos deverão “suportar as consequências dos seus ataques”, ao passo que a Agência Atômica Iraniana assegurou à nação que “apesar das conspirações malignas dos seus inimigos, com os esforços de milhares dos seus cientistas e especialistas revolucionários e mobilizados, não permitirá que o caminho do desenvolvimento desta indústria nacional, que é o resultado de sangue e martírio, seja interrompido”.
Na verdade, embora feroz, o ataque norte-americano ao Irã denota desespero e fraqueza, e não cálculo estratégico e superioridade. Ele ocorre, em primeiro lugar, porque o governo títere e sanguinário de Netanyahu ameaçava ruir junto do mito da invencibilidade do seu Domo de Ferro. A opinião pública do Estado judaico, que acompanha com frieza cúmplice o holocausto palestino, parece adotar outro tom, agora que nos principais centros do país os seus cidadãos são obrigados a viver em bunkers – nos quais não são admitidos trabalhadores imigrantes ou mesmo palestinos com cidadania israelense. Os mísseis iranianos têm infligido perdas significativas à infraestrutura, à economia e à população de Israel, que sente na pele pela primeira vez os efeitos das guerras de agressão que seu governo leva por toda a região. Ora, a desmoralização e mesmo derrota de Israel seria uma desmoralização e derrota para o próprio imperialismo norte-americano.
Trump também conta, em segundo lugar, com a possibilidade de inviabilizar para sempre a capacidade defensiva do Irã. Com isso, ele pretender impor uma paz dos cemitérios no Oriente Médio que lhe permitiria negociar em condições mais favoráveis o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, para se concentrar no seu maior alvo estratégico, a China. China que, por sua vez, é a compradora quase exclusiva do petróleo iraniano e tem com o regime persa relações de cooperação não só econômica, em torno da iniciativa Cinturão e Rota da Seda, mas também militar, uma vez que ambos países, e também a Rússia, compõem a Organização de Cooperação de Xangai (OCX). Minutos após a agressão norte-americana, com bombas de 14 toneladas, cuja capacidade destrutiva só é comparável a uma arma nuclear, altos oficiais iranianos declararam que a instalação de Fordow já fora evacuada há semanas atrás e que não ocorreram danos irreparáveis.
É evidente que, na conta dos imperialistas não entra o papel dos povos, em primeiro lugar, da resistência do próprio povo iraniano. Eles sonham desde sempre com uma guerra relâmpago –também nisso se assemelham aos fascistas de outrora –porque temem acima de tudo a resistência das massas, que é certa. Assim como lutaram os povos da China e da Coreia, do Vietnã, do Camboja, do Iraque, do Afeganistão, da Palestina, assim também lutará o povo iraniano, em defesa do solo onde viveram seus pais, avós e bisavós. Cabe ao povo exigir do regime dos aiatolás que aja resolutamente pela resistência, que mobilize e arme a população, que liberte os prisioneiros políticos e unifique todo o povo como um só para responder e rechaçar os agressores. Há também, é claro, o próprio povo norte-americano, cuja esmagadora maioria condena o envolvimento de seu país em guerras infinitas e já sofre as consequências inflacionárias das medidas econômicas de Trump, que se agravarão com um iminente novo choque do petróleo derivado da guerra iraniana. Trump é o presidente com pior avaliação da história em quatro meses de mandato – apenas 32% dos eleitores aprovam seu governo – e já se vê às voltas com enormes manifestações em todo o país. As contradições interimperialistas também jogam um papel, pois não interessa à Rússia e à China uma subjugação do Irã aos Estados Unidos e até, pelo contrário, lhes seria benéfico ver seu maior contendente atolado num pântano que absorvesse sua atenção e as suas forças. Assim, se sua entrada direta a favor do Irã parece hoje improvável, não se pode descartar que estimulem dentro de certos limites a resistência.
Os Estados Unidos, ao lado de seu capacho Israel, desataram uma guerra que não poderão vencer. Se a destruição causada hoje é capaz de adiar a soberania nuclear iraniana, a sua liquidação só poderia ser obtida com a queda do regime, o que não ocorrerá a menos que tropas ianques intervenham no país. Esta intervenção seria, contudo, não só o maior cemitério de soldados ianques em décadas, como aceleraria a sua decomposição tanto interna (crise de legitimidade do governo, convulsão social) como externa (papel da Rússia e da China, que se beneficiariam do atoleiro iraniano). E mesmo uma hipotética e hoje improvável queda do regime, não significaria a derrota da resistência nacional e da guerra de guerrilhas, como vimos já neste século no Iraque e no Afeganistão. Esta situação, embora dolorosa para as massas oprimidas, sobretudo as palestinas e agora iranianas, que arcam com o peso maior do esforço de guerra, é na verdade muito mais perigosa para o próprio imperialismo norte-americano. Tudo dependerá agora do nível da resposta iraniana. Aos povos do mundo, e mesmo do ponto de vista estrito de deter a máquina de guerra norte-americana-sionista, interessa que ela seja a mais contundente, dramática e implacável possível.