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"Lendo Nove comentários sobre o Partido Comunista". Créditos: Minghui.org
"Lendo Nove comentários sobre o Partido Comunista". Créditos: Minghui.org

Comecemos pelo mais fundamental: afinal, qual a função social da literatura?


A literatura, a arte de modo geral, não é um bibelô a enfeitar estantes, ou um adorno do ócio, mas um poderoso instrumento de transformação social. Uma literatura que se preocupe apenas com a fruição de meia dúzia de privilegiados, não pode conquistar nada de relevante. Tal literatura, se é que pode ser chamada assim, ainda que consiga brilhareco momentâneo, está fadada a desaparecer. Ao contrário das expressões artísticas que captam as grandes palpitações do seu tempo, as quais, não raro, encontrando tímida repercussão no instante em que aparecem, se elevam sempre mais e mais —porque, em geral, as grandes palpitações de um tempo costumam guardar pontos de identidade com as palpitações históricas em geral. Se se pega, por exemplo, as primeiras palavras de Anna Karenina, de Tolstoi: “Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira”, podemos ver que isso faz tanto sentido hoje como quando foi escrito há 150 anos, e presumivelmente ainda fará sentido em 2173. O que não significa que se deva descambar para tratados morais abstratos: Anna Karenina é ao mesmo tempo um fiel panorama, o mais fiel panorama, da sociedade aristocrática russa do seu tempo, e especialmente do papel nela reservado às mulheres. A morte de Anna era inevitável, e não guarda nisso nenhum “machismo” de Tolstoi, segundo querem alguns comentadores extemporâneos: ela se joga embaixo do trem porque uma mulher culta, divorciada, que abre mão da maternidade para viver uma paixão com um homem mais jovem não poderia derrotar individualmente todas as instituições do seu tempo. Anna Karenina é uma mulher burguesa esmagada pela sociedade feudal, esse é o pano de fundo da sua queda.


Dizia que a literatura não foi feita para ficar encerrada entre quatro paredes. Uma compreensão democrática de literatura deve focar na formação, em primeiro lugar, de muitos leitores entre as massas trabalhadoras. Nesse sentido, é necessário popularizar ao máximo a boa literatura, uma literatura acessível à linguagem corrente do povo, que afaste de si qualquer erudição inútil e presunção. Devemos fomentar, nos locais de trabalho e de estudo, círculos de leitura e clubes do livro, em que as pessoas busquem ler, interpretar, aprender e socializar os resultados das suas reflexões.


Em segundo lugar, dessa base mais ampla de leitores, de pessoas interessadas em boa literatura, naturalmente nascerá também uma geração de romancistas, poetas, dramaturgos. Se se constrói uma cena artística viva, profundamente vinculada às lutas do seu povo e do seu tempo, dela nascerão não só lutadores com maior consciência de classe, mas também artistas de talento, que existem por aí aos montes, precisando apenas ser despertados. Na verdade, a expressão artística é uma necessidade, tanto quanto qualquer outra necessidade física, porque no Homem, mesmo as necessidades vitais básicas estão mediadas pela cultura. Sem esta satisfação, poder-se-á falar de uma existência biológica, mas de maneira nenhuma humana. É o que Marx fala, nos Manuscritos de 1844:


A formação dos cinco sentidos é a obra de toda a história mundial anterior. O sentido encarcerado sob a grosseira necessidade prática possui unicamente um significado limitado... Portanto, a objetivação da essência humana, tanto do ponto de vista teórico como prático, é necessária para humanizar os sentidos do homem e criar a sensibilidade humana correspondente a toda a riqueza do ser humano e natural. [Grifos de Marx]

Como prova disso, vocês verão, na última biboca no último rincão no lugar mais afastado do mundo, algum instrumento musical — nem que seja rudimentar —, estampas em uma xícara, ou mesmo um único livro, que seja a Bíblia. À caminho da forca, condenados recitam versos, ou hinos, ou rezam, e tudo isto é criação artística. Nós, bichos humanos, nos alimentamos de comida e nos alimentamos de cultura — cultura que variará, naturalmente, com a época e com as classes sociais. Uma revolução verdadeira deve ser capaz de prover —na verdade, sendo verdadeira, ela proverá, mesmo que por qualquer justificativa bizarra não quisesse — tanto uma coisa quanto outra.


Portanto, em primeiro lugar, é preciso fomentar uma cena cultural como base, cuja principal finalidade será elevar a instrução e a mobilização política dos trabalhadores, e em segundo lugar, quanto mais vigorosa seja esta cena, tanto mais se facilitará a formação de talentosos trabalhadores da cultura, que sejam vermelhos e especialistas. Só vermelho, no sentido de tomar unilateralmente a mensagem política crua, a palavra-de-ordem, não serve: para tal, não se precisa da arte, já se tem a política. O que nós diríamos de um comandante que, no momento crucial da batalha, se pusesse a recitar versos? Não seria ridículo? E o contrário —um poeta que, diante de um público ávido por encontrar a sua vida recriada em versos, simplesmente se pusesse a “recitar” ordens de batalha, também não seria ridículo?


Há, portanto, que ver as particularidades de cada ação que realizamos. Por outro lado, tampouco servem os peritos, que dominam todas as astúcias da escrita, e que estão dispostos a colocar as suas formas a serviço de qualquer conteúdo. Esta não só é uma atitude mercenária, naquilo que Gramsci chamou de “especialistas em legitimação”, como também não pode produzir obra artística que valha, porque a obra artística superior e mais universal é aquela capaz de atingir a perfeita unidade entre forma e conteúdo, substância e receptáculo. Por isso, no que diz respeito à arte, é preciso ter claro que se trata de uma luta em duas frentes e que o bom resultado não é fruto da inspiração solitária de um gênio, mas de um árduo trabalho, que se aproprie do que haja de melhor nas tradições passadas e tenha a sensibilidade para captar o que há de novo no seu próprio tempo. Há inspiração, e mesmo maior ou menor talento, em arte? Claro que há, mas, em primeiro lugar, não se deve contar com isto para lançar mãos à obra, e, em segundo lugar, ela, a inspiração, não surge ao acaso, mas é fruto de um tal nível de comprometimento com o trabalho, nível que só se obtém mediante uma concentração séria e disciplinada, que te permite encontrar conexões internas entre situações aparentemente desconexas, alta concentração esta que não surge sem estudo e continuidade. Talento sem cultivo é como uma semente que não encontra o solo, é apenas possibilidade, e as possibilidades nunca terão mais valor do que as coisas realizadas. No fim das contas, o que há mesmo é o trabalho — talvez café, também, mas café e trabalho ao fim e ao cabo são sinônimos...


Por falar em trabalho, não poderia concluir esta intervenção sobre a relação de literatura e luta política sem evocar o maior escritor brasileiro, o mestre Graciliano Ramos. Maior pela sua capacidade artística, maior também pela integridade da sua figura e do seu engajamento. Sem ser ainda do Partido Comunista, enfrentou as agruras do cárcere com uma altivez que faltou mesmo a alguns militantes. Depois, filiado ao PCB, desempenhou-se como ativo intelectual na luta contra o fascismo, em oposição à agressão imperialista na Coreia e aos regimes vende-pátria do pós-guerra, bem como, à frente da Associação Brasileira de Escritores, em defesa dos direitos dos trabalhadores da cultura. Ao lado do enorme trabalho literário (enorme em qualidade, pois na verdade a obra ficcional de Graciliano começou tarde e é relativamente enxuta) nos deixou preciosas reflexões, bastante sofisticadas aliás, sobre a criação estética, e também sobre o papel do escritor, na forma de artigos, crônicas e intervenções. Graciliano foi um intelectual de partido, ator político de vanguarda, e não mero espectador dos acontecimentos. Dessa série de publicações não ficcionais, destaco uma intervenção de Graciliano no interior da célula em que militava no PCB, em 1946, sobre os cinco erros que não se deveriam cometer no trabalho literário, e que pode servir como uma primeira aproximação para os jovens escritores (e artistas em geral) populares:


1- Os erros de caráter doutrinário;
2- Os desvios da linha política do Partido;
3-As tiradas demagógicas, o excesso de pieguices sentimentais, os devaneios ocos, a grosseria de linguagem, o populismo intencional etc;
4- As imperfeições de forma e de fundo;
5-A falsidade na construção de tipos e situações.

Ficará para uma outra oportunidade o comentário amiudado sobre cada um destes pontos. Destaco, no entanto, em primeiro lugar, a primazia dada por Graciliano à posição política, o que nele é tanto mais contundente porque foi ele um gênio da forma literária. Em segundo lugar, o combate às formas estereotipadas, à demagogia, a uma visão sentimentalista do povo, enfim, à ausência de elaboração. É claro que são erros que se podem cometer, sobretudo no início, e não é um grande pecado que eles ainda despontem nas obras produzidas com as melhores intenções por jovens poetas, musicistas etc. O importante, aqui como em qualquer outra parte, é que se esteja disposto a aprender, a corrigir os erros e a avançar sempre. Porque a luta e a vida do povo, tão ricas de significados, cheias de viragens, de dramas, de sofrimentos, mas também de vivacidade, de graça, de beleza, porque é certo que não há na vida menos coisas alegres do que tristes, tudo isso não apenas pede, como exige, necessita, uma expressão artística à altura.


Reprodução: Arquivo Revista Revolução Cultural
Reprodução: Arquivo Revista Revolução Cultural

A Operação Kagaar consiste em uma série de campanhas de cerco e aniquilamento promovidas pelo governo hindutva fascista de Narendra Modi na Índia, --cujo objetivo declarado é liquidar a guerra popular e o Partido Comunista da Índia (Maoista) que a dirige até março de 2026. Ela foi lançada em 2024 em Abujhmarh, uma área florestal montanhosa que abrange 4.000 km² nos distritos de Narayanpur, Bijapur e Dantewada, em Chhattisgarh, que têm sido bastiões da insurgência naxalita há décadas (naxalita se tornou uma espécie de de tradução indiana para maoístas, o que remete ao levante camponês de Naxalbari em 1967, impulsionado pela luta contra o revisionismo soviético e saudado pelo Partido Comunista da China como o “trovão da primavera”). Há dezenas de milhares de adivasis pertencentes às comunidades tribais de Gond, Muria, Abujh e Halba, que vivem em 237 aldeias nesta região.

Créditos: PTI
Créditos: PTI

Como parte da Operação Kagaar, 650 acampamentos policiais, 700 mil forças de segurança, centenas de drones e dezenas de helicópteros foram mobilizados pelos governos central e estadual para eliminar os combatentes do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL) da região, que é rica em minério de ferro, grafite, calcário e urânio. Organizações populares afirmam que o governo central liderado pelo BJP, partido de Modi, fez 104 acordos com grandes corporações para saquear os recursos naturais nas áreas Adivasi de Chhattisgarh. Este é o pano de fundo econômico da sanha genocida estatal, cujo componente central é político, contudo: exatamente nesta remota região, ao mesmo tempo rica em recursos naturais e habitada pelas camadas mais oprimidas da população indiana (camponeses pertencentes às castas de intocáveis, marginalizados dentre os marginalizados), floresce aquele que é o processo revolucionário mais avançado de nosso tempo, no qual se criaram comitês populares em que se desenvolve uma nova vida, livre da semifeudalidade e do casteísmo.


Créditos: NOAH SEELAM/AFP via Getty Images
Créditos: NOAH SEELAM/AFP via Getty Images

Para que se entenda toda a importância histórica deste processo revolucionário, é indispensável frisar que ele ocorre no coração do país mais populoso da Terra (uma população de 1,3 bilhão de seres humanos), numa região onde as contradições interimperialistas e entre este as nações e povos oprimidos atinge as feições mais agudas. Ora, a Índia é um componente crucial da disputa sino-russo-norte-americana pela hegemonia mundial, e não por acaso o regime reacionário de Modi tem contado com farto financiamento e apoio militar e logístico dos Estados Unidos -– que considera o PCI (M) uma organização terrorista – para perseguir o seu proclamado objetivo de derrotar a guerra popular. E se este objetivo tem sido frustrado pela firmeza dos comunistas indianos, isso não tem se dado sem um altíssimo custo de vidas humanas: com efeito, 2024 foi o ano mais sangrento da história do departamento de Bastar desde a repressão a uma histórica sublevação camponesa em 1910, resultando em mais de 300 pessoas assassinadas (desde dirigentes e quadros do partido até aldeões chacinados em expedições punitivas). As mulheres, amplamente mobilizadas pelos naxalitas, têm sido alvo preferencial desta política genocida:


“Quando se trata de mulheres, a sede de sangue não é suficiente para os arautos da ‘paz e desenvolvimento’ na região. Uma guerra também é travada sobre o corpo e a dignidade das mulheres. Além do assédio rotineiro, como tatear em nome da vigilância por drones e brincadeiras de mulheres que tomam banho, estupros brutais e assassinatos estão sendo cometidos contra elas. Um exemplo disso é o estupro coletivo e assassinato de uma menina surda e muda de 16 anos, Kamli Kunjam, em Nendra Village, em 2 de abril de 2024. Este ano também testemunhou vários bombardeios de morteiros, bem como um ataque aéreo em 7 de abril de 2024, elevando a contagem de bombardeios aéreos para 5 vezes desde 2021. Bombas de morteiro não detonadas, disparadas pelas forças de segurança, também são uma causa de grande ameaça, já que duas crianças perderam a vida quando acidentalmente acionaram uma concha em 12 de maio de 2024.”¹


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Somente o heroísmo revolucionário massivo, despertado por um partido político de vanguarda, pode explicar a capacidade de resistência popular sob tão duras provações. Esta situação levanta uma indagação muito concreta a todos os revolucionários e progressistas mundo afora: qual atitude tomam perante a luta anti-imperialista mais consequente da atualidade? Sim, mais consequente, porque se o imperialismo nada mais é do que um estágio superior e último do capitalismo, como falava Lênin, apenas aqueles que articulam a luta de libertação nacional com a emancipação social das classes oprimidas são capazes de realizar um autêntico processo revolucionário. E em nenhum lugar essa articulação, teórica e prática, se dá como nas bases de apoio dos maoistas indianos:


“Os comitês populares revolucionários (CPR) foram estabelecidos de forma embrionária como órgãos do poder político popular revolucionário. Estes têm trabalhado há muito tempo como governos populares revolucionários em vários lugares da aldeia, áreas e em alguns lugares no nível de divisão, continuaram o governo de Nova Democracia e estão melhorando o padrão de vida do povo revolucionário. As bases guerrilheiras desempenharam um papel importante no cumprimento das tarefas estratégicas do Partido. Esta é uma nova experiência na história do movimento revolucionário no nosso país. Estes órgãos opõem-se às políticas econômicas, sociais, culturais e ambientais e às falsas reformas adotadas pelos governos exploradores, colocando perante o povo uma verdadeira forma política democrática alternativa, como um modelo político, econômico e cultural.”²


Trata-se de uma guerra revolucionária agrária que constrói audazmente um autêntico novo poder com as armas nas mãos, capaz de dar ampla agência às massas populares, como direção nacionalista nenhuma seria capaz de fazer. Nesse processo, os adivasis têm sido capazes de se manter nos seus territórios e efetivamente impedir ou dificultar o seu processo de expulsão. Não há, nem poderia haver, novo poder sem esta premissa básica.


Por isso, devemos defender esta revolução com muito mais energia do que tem sido feito até aqui, defendê-la incondicionalmente e de modo constante, e não apenas de modo formal ou quando convém a mesquinhos objetivos autocentrados. Isto também vale para a defesa das guerras populares das Filipinas e da Turquia. Nesta atitude, passa uma linha demarcatória inegociável entre o internacionalismo e a traição ao internacionalismo. No caso do Brasil, que é membro, juntamente com a Índia, dos BRICS (ambos apresentados como “democracias” perante a opinião pública mundial), esta denúncia se reveste de um significado ainda maior.


Para além da denúncia, sublinhamos a importância, sobretudo para as novas gerações, de aprender desta rica experiência dos maoistas indianos, em que avulta um método e estilo proletários de trabalho, capazes de integrar a teoria e a prática, a defesa intransigente dos princípios e a investigação de problemas novos; que manejou corretamente a luta de duas linhas para vencer a divisão e fundar o PCI (M) em 2004; que criticou diferentes desvios oportunistas tanto de direita como de “esquerda”, dentro e fora do país; que tem derrotado as sucessivas campanhas de cerco e aniquilamento do Estado indiano. São feitos extraordinários, que só são possíveis porque se trata de uma aplicação do marxismo-leninismo-maoismo às condições específicas, e não em meras repetições dogmáticas de consignas gerais sem qualquer comprovação na realidade. No já citado documento de 20 anos, ao invés de estéreis autoproclamações, o CC do PCI (M) sublinha honestamente pontos fortes e fracos e a necessidade de bolchevizar o partido para seguir cumprindo sua missão histórica no futuro:


“O MLM é a nossa teoria e uma arma poderosa para alcançarmos o objetivo da revolução, para retificar os vários aspectos que se tornam obstáculos no caminho, para realizar as tarefas e reforçar o nosso Partido. Vamos retomá-lo mais forte do que nunca. Esta é a essência da proletarização e da bolchevização do Partido. Significa: 1– Temos de estudar e compreender profundamente o Marxismo-Leninismo-Maoismo e a linha política e militar do Partido, cumprindo-a firmemente e sem hesitações; temos de aplicar criativamente o MLM à nossa prática específica; temos de implementar com determinação a linha partidária; temos de provar que está correta; temos de fortalecer o Partido, teórica, política e organizacionalmente, lutando contra as várias tendências não proletárias que surgem no Partido sob a influência de várias teorias capitalistas e feudais. 2– Devemos desenvolver um Partido forte, com uma linha teórica, política, organizacional e militar adequada e uma organização que implemente corretamente o centralismo e a disciplina democráticos e desenvolva o Partido como uma organização de natureza de massa; 3–Devemos lutar contra todos os tipos de tendências oportunistas de direita e de esquerda dentro e fora do Partido; 4– Devemos admitir sinceramente os nossos erros, deficiências e fraquezas, corrigi-los e aprender com a prática para que não se repitam; 5–Devemos seguir a linha de classe e a linha de massas e nos unirmos estreitamente ao povo, seguindo o princípio Maoísta de ‘das masss para as massas’, orientando-as. Podemos assim tornar verdadeiro o princípio marxista de que ‘são as massas que fazem a história’”.


Trata-se, como se vê, de uma visão consequentemente proletária do partido comunista, tanto das suas relações internas como da sua relação com as massas. Essa conjunção de fatores subjetivos e objetivos convertem a Revolução de Nova Democracia na Índia como a principal base de apoio da Revolução Socialista Mundial na atualidade. Se para os lutadores em geral a denúncia da Operação Kagaar é uma obrigação, para os revolucionários em particular o estudo consciencioso das posições que têm sustentado este tremendo esforço (naturalmente crítico, porque os comunistas não podem simplesmente copiar experiências externas, ainda que bem sucedidas) se constitui em uma necessidade imperiosa.


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Publicamos abaixo tradução na íntegra da declaração emitida por diversas organizações ao redor do mundo em razão da histórica data do proletariado, o 1º de maio. A declaração foi publicada originalmente no blog Maoist Road.



1º DE MAIO PROLETÁRIO E INTERNACIONALISTA


CONTRA A GUERRA IMPERIALISTA, A REAÇÃO, O FASCISMO, A REPRESSÃO, A POBREZA E A OPRESSÃO


Proletariado e Povos Oprimidos do Mundo, uni-vos!


Nada temos a perder além de nossas correntes, e um mundo a conquistar!


Tomemos as ruas neste 1° de Maio, dia internacional de luta da classe operária e dos povos oprimidos, que ocorre este ano num contexto de agudização das contradições do sistema imperialista e crescente repressão, enfrentada por uma resistência cada vez maior do proletariado e dos povos.


Os furiosos ataques dos imperialistas, seus Estados e governos contra o proletariado e as massas refletem o despejo sobre eles de sua crise geral que se aprofunda. 


Todos os Estados e governos imperialistas aumentam desmedidamente gastos militares e declaram preparar-se abertamente para a guerra.


As potências imperialistas EUA/OTAN/UE armam-se com arsenais cada vez mais modernos e devastadores, planejam o uso de armas nucleares; eles fortalecem seus exércitos, militarizam territórios e desenvolvem a economia de guerra. 


O imperialismo russo e o social-imperialismo chinês são de um lado alvos desta ofensiva e de outro aproveitam a crise do imperialismo dos EUA/OTAN/UE para preparar um novo ordenamento mais favorável a seus interesses.


A guerra imperialista brota da crise econômica global do sistema capitalista imperialista que exige uma nova partilha do mundo. 


A invasão russa da Ucrânia, o genocídio em curso na Palestina pelo Estado sionista de Israel, os ataques ao Líbano, Iêmen, Síria, a ocupação do Curdistão e massacres do povo curdo pelo Estado fascista turco, os preparativos dos EUA para atacar e cercar a China através das Filipinas com alianças no Indo-Pacífico são aspectos da marcha para a guerra de repartição.


A isto se opõem a ação da China na arena econômica global, a invasão russa da Ucrânia e também o alinhamento gradual de outros países cujos regimes reacionários aspiram a ser gendarmes regionais no sistema imperialista: Turquia, Índia, Brasil etc.


Os custos da guerra e rearmamento são descarregados sobre o proletariado e as massas populares através do aumento do custo de vida, desemprego, precarização, cortes em gastos sociais e ataques aos direitos e às lutas dos trabalhadores. Os capitalistas intensificam a exploração e cada vez mais transformam o proletariado e seus setores mais explorados em escravos modernos a serviço do lucro.


Nos países oprimidos pelo imperialismo, agravam-se a pobreza e a opressão, e seus povos também pagam pela crise climática ambiental global e elos efeitos dos desastres naturais.


Enquanto externamente preparam a guerra, internamente os Estados e governos imperialistas avançam na tendência ao fascismo moderno combinada com a crise do imperialismo. Esta tendência à guerra imperialista mundial encontra hoje um ponto de referência no governo Trump e na fração da classe dominante burguesa que chegou ao poder nos EUA, restringindo e apagando vestígios da própria democracia burguesa, atacando liberdades democráticas e lotando prisões, estabelecendo formas de governo cada vez mais ditatoriais, dentro das quais avançam partidos fascistas e o fascismo moderno, conforme as características de cada país.


Atacam-se direitos das mulheres e a liberdade de pensamento, fomenta-se o ódio, fortalece-se o chauvinismo e nacionalismo para golpear a resistência popular, divide o proletariado e as massas, a serviço da dominação das classes dominantes e seus lacaios. Intensifica-se o racismo com ataques de todo tipo contra imigrantes, com mortes ao mar, campos de concentração, exploração escrava, expulsões e deportações. O monopólio dos velhos e novos meios de comunicação, está cada vez mais nas mãos de oligarquias tecnológicas que obtêm enormes lucros e buscam impor o obscurantismo em escolas e universidades.


Em todo o mundo, o proletariado e os povos rebelam-se e resistem contra o imperialismo, o fascismo e a piora das condições de vida e trabalho. 


Dentro dos países imperialistas e capitalistas, os trabalhadores realizam greves gerais, como na Grécia; bloqueiam navios que transportam armas de guerra, como na Itália, Grécia etc., a juventude ocupa as ruas contra o fascismo e o racismo.


O novo governo fascista-imperialista de Trump nos EUA, com seu braço operativo sionista Netanyahu, lançou um plano de “solução final”: genocídio e deportação do povo palestino. Contra isto, desenvolve-se a heróica resistência palestina, de suas organizações que, inclusive com a ação de 7 de outubro, recolocaram no centro da atenção mundial o objetivo de uma Palestina livre, um Estado Palestino “do Rio ao Mar”. A luta do povo palestino alimenta o despertar das massas árabes para uma luta de libertação contra os regimes árabes cúmplices do sionismo e subservientes ao imperialismo.


A solidariedade internacionalista com o povo palestino é uma grande bandeira que convoca os povos a lutar contra o imperialismo. Na Turquia, estudantes, mulheres, trabalhadores e massas oprimidas enfrentam o regime fascista de Erdogan, colocando-o cada vez mais em crise.


Em alguns países oprimidos, da América Latina à Ásia, da África ao Oriente Médio, avançam protestos e revoltas populares que exigem intensificar a batalha revolucionária por revoluções de Nova Democracia que marcham ao socialismo. Na linha de frente estão mulheres guerrilheiras, operárias e organizações revolucionárias femininas que alimentam o fogo da resistência e da necessária luta pela libertação da mulher unida à luta de classes.


Em muitos países, a juventude se rebela e está na primeira linha da oposição que exige e busca o caminho da revolução.


Entre as lutas revolucionárias e anti-imperialistas no mundo, as guerras populares dirigidas por forças marxistas-leninistas-maoístas, particularmente na Índia e Filipinas, inspiram e mostram ao proletariado internacional e povos oprimidos o caminho da verdadeira libertação do imperialismo, que exige abandonar todas as formas de revisionismo, reformismo, liquidacionismo e derrotismo, para afirmar que a única alternativa real à barbárie capitalista-imperialista é a revolução proletária e a única solução é o socialismo. Condenamos a campanha militar fascista em curso do Estado indiano - Operação Kagaar - contra o Partido Comunista da Índia (Maoísta). Esta ofensiva não é apenas um ataque a um partido revolucionário, mas um assalto mais amplo às lutas das massas trabalhadoras, Adivasis e nacionalidades oprimidas que lutam por libertação e dignidade.


Apoiar as prolongadas guerras populares é um dever fundamental dos partidos e organizações comunistas revolucionárias no mundo. 


O proletariado é o maior exército que existe, se os explorados e oprimidos se unirem, podem pôr fim ao sistema capitalista mundial.


Hoje mais do que nunca necessitamos da unidade dos Partidos e Organizações Comunistas do mundo, baseada nos grandes ensinamentos do marxismo-leninismo-maoísmo que se desenvolvem, no fogo da luta de classes, cada vez mais para se converter na vanguarda da classe operária, núcleo dirigente de todo o proletariado e do povo, propulsor e elemento central na construção de uma Frente Única Revolucionária contra o imperialismo, o fascismo, a exploração e a opressão.


O internacionalismo proletário exige a marcha, através da unidade e luta, para avançar a uma nova Internacional Comunista. Neste 1° de Maio é necessário impulsionar esta tendência e afirmá-la nas fileiras do proletariado e povos oprimidos empenhados na luta revolucionária.


ESTE 1º DE MAIO LEVANTEMOS ALTO A BANDEIRA VERMELHA DA REVOLUÇÃO!


Paremos a guerra imperialista, onde quer que surja e irrompa, a transformemos em guerra revolucionária pelo poder proletário!


Morte ao fascismo em todas as suas formas!


Palestina livre do Rio ao Mar!


Morte ao imperialismo, o futuro pertence ao socialismo e ao comunismo!


Partido Comunista (Maoista) do Afeganistão

Partido Comunista da Austrália (Marxista-Leninista)

Comitê de Construção do Partido Comunista Maoista da Galicia

Partido Comunista da Índia (Maoista)*

Partido Comunista da Turquia - Marxista Leninista (TKP-ML)

União Operária Comunista (mlm) Colômbia*

Unidade Comunista - França

Partido Comunista Maoista - Itália

Comitê Comunista Maoista - Brasil

Partido Proletário de Purbo Bangladesh (PBSP/Bangladesh)

Caminho Vermelho do Irã (Grupo Maoista)

Partido Comunista Revolucionário do Nepal

Unidade Estudantil Democrática do Povo (UEDP) – Bangladesh


Assinaturas Abertas.

Outras podem chegar após o 1º de Maio.


*Problema de Comunicação CIAGPI.


**Nota lançada posteriormente.

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