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Banco Central de Galípolo aprofunda política rentista de Campos Neto

Foto: Ricardo Stuckert
Foto: Ricardo Stuckert

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da quarta, 7, a Selic (a taxa básica de juros que serve de lastro para todas as demais aplicadas no mercado) foi elevada em 0,5 pontos percentuais, subindo para 14,75%, maior patamar nos últimos 20 anos e a terceira maior taxa de juros real do mundo hoje.


Com sete dos nove diretores sendo indicados de Lula, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e outros dois indicados por Bolsonaro, o Copom permanece em seu compromisso de utilizar a política monetária para intensificar o rentismo de capitais brasileiros e estrangeiros às custas dos trabalhadores sob a justificativa de “reduzir a inflação”. Isto prova que os vitupérios de Lula contra o antecessor de Galípolo, Campos Neto, indicado de Bolsonaro, não passavam de bravatas sem consequências: na verdade, o autêntico governo da economia nacional segue firmemente na mão do capital financeiro, associado ao latifúndio, seja qual seja a legenda instalada no Planalto. É um poder “autônomo”, o que significa: não está submetido a nenhuma forma de controle ou mandato popular, ainda que formalmente.


A ata da reunião explica o aumento com base na “incerteza” no cenário internacional de crise comercial, instaurada por Donald Trump, e o permanente “dinamismo” da economia brasileira, apesar da “moderação do crescimento”, que produziria uma inflação acima da meta de 3% ao ano (não bastasse a instauração de “metas”, essas são estabelecidas em níveis que na realidade são inalcançáveis). Trata-se do velho argumento reacionário, sem qualquer fundamento, segundo o qual os salários e o consumo das famílias são a causa da inflação, ou seja, o bem-estar do povo é cinicamente assumido como contraposto à saúde econômica do país. A intenção da política de juros estratosféricos é favorecer o capital especulativo e deprimir postos de emprego e renda. Sua vítima, mascarada sob fórmulas matemáticas, são os milhões de trabalhadores.


Mesmo do ponto de vista econômico, os juros elevados tornam o crédito mais caro e pressionam para cima os custos de produção em geral. Associar juros altos com combate a inflação é pura ideologia reacionária, sem fundamento científico. Isso se torna particularmente dramático em um contexto em que o governo Lula, como nos seus primeiros mandatos, “incentiva” a economia não pela elevação real do salário (ou seja, acima da inflação), mas pela liberação de crédito, fazendo do endividamento dos trabalhadores (vide o “Crédito do Trabalhador” que usa o FGTS como garantia - uma “bomba-relógio”, como a própria grande burguesia tem alertado!) um dos pilares do aumento da “demanda” econômica, que normalmente já depende do crédito para se realizar. Concomitantemente, utilizam-se da mesma “análise” para fazer a manutenção da “legitimidade” de seu Arcabouço Fiscal, para que possa expandir os cortes de gastos do Estado nas áreas sociais da educação, da saúde e de benefícios sociais, como o recente ataque ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) – que não passou quando foi para aprovação no congresso, porque até mesmo um parlamento cheio de reacionários percebe o impacto que teria na sua base eleitoral.



São as classes trabalhadoras que, ao fim e ao cabo, estão pagando os custos de resguardo da propriedade e o acúmulo de capital de uns poucos rentistas, banqueiros e financistas. A política de Lula, da base de seu governo no congresso e de toda a gama de governistas, que há pouco acusavam o aumento abusivo da Selic pelo ex-presidente do Branco Central Campos Neto como um ataque contra o povo e a “economia”, parece ter cessado a “denúncia” quando o carrasco passou a ser um indicado do atual presidente. Cabe ao proletariado revolucionário então tomar para si a denúncia dessa espoliação escondida em trilhões de “argumentos econômicos técnicos”, junto da denúncia do papel que jogam os ditos partidos “de esquerda” ao atacar a alta dos juros em público, quando praticam no exercício do governo a mesma política que dizem combater. Curvam-se à voz do dono, afinal.

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