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Índia: "Libertem os 23 de Hidma! Em busca da espinha dorsal perdida da "esquerda" de Delhi"

Atualizado: há 2 dias

Republicamos aqui um artigo de Vedika Singh, originalmente publicado no início deste mês na Revista Nazariya, acerca da prisão de 23 estudantes, jornalistas e ativistas seguida de tortura. A FACAM denunciou este caso no último mês e se comprometeu a continuar com a publicação da Revista Nazariya apesar da criminalização e perseguição a imprensa.


Ativistas da bsCEM que levantavam a foto do camarada Hidma são presos após repressão policial. Foto: ANI
Ativistas da bsCEM que levantavam a foto do camarada Hidma são presos após repressão policial. Foto: ANI

Com a chegada do inverno rigoroso na capital da Índia, a névoa tóxica anual envolve a cidade mais uma vez. Aqueles que lutavam contra as causas desse fenômeno foram brutalmente detidos e, posteriormente, presos. Já se passaram quase duas semanas desde a prisão de 23 estudantes ativistas ligados à organização estudantil marxista-leninista-maoista Bhagat Singh Chatra Ekta Manch (bsCEM) e à organização ambientalista radical Himkhand, sob as acusações de atentar contra a “unidade nacional”, atacar policiais e diversas acusações forjadas relacionadas a “atentado ao pudor de mulheres” policiais. Também se passaram duas semanas desde que toda a ala “de esquerda” de Delhi falhou mais uma vez em defender os valores que prega – apesar da repressão aberta contra esses ativistas, esses supostos militantes de esquerda sequer ofereceram solidariedade àqueles que enfrentam a brutalidade policial. Eles falharam em julho deste ano, quando nove ativistas de Delhi foram mantidos em prisão ilegal por mais de uma semana, sem que as organizações que compartilhavam plataformas com esses ativistas há anos se manifestassem. Em vez disso, as organizações que sofreram repressão estatal, como a bsCEM, tiveram que voltar atrás e convocar protestos exigindo a libertação desses ativistas, o que acabou forçando o Estado a libertá-los. Mais tarde, soubemos da brutal tortura que sofreram: eletrochoques, mulheres sendo despidas, ameaças de estupro com barras de ferro, ativistas rurais sendo jogados em vasos sanitários, agressões racistas contra ativistas dalits – nenhum desses incidentes foi suficiente para mobilizar a esquerda de Delhi. Mais uma vez, estamos em um momento de silêncio ou de malícia ativa por parte de várias organizações de esquerda. Algumas organizações consideram a associação do nome da imortal mártir, a camarada Madvi Hidma, à luta por um ambiente melhor como algo sectário. Outros criticam os slogans levantados, chamando-os de "aventureiros". Também notamos discussões acaloradas sobre etiqueta dentro de uma frente única. Todas as organizações democráticas devem apoiar a exigência de libertação dos 23 de Hidma. Devemos também nos engajar ativamente na busca pela "espinha dorsal" da esquerda de Delhi, que parece estar desaparecida desde 2014, quando as alegações do fascista Modi sobre um "tórax de 56 polegadas" foram levadas a sério demais por essas forças.


Silêncio absoluto dos chamados companheiros revolucionários comunistas


O cenário político de Delhi está repleto de inúmeras organizações que mantem laços fraternos com grupos políticos que defendem a corrente política naxalita. Muitas continuam a realizar seus programas com a imagem do camarada Charu Majumdar estampada em seus banners. Infelizmente para a população da cidade, essa é a extensão da política naxalbari dentro da maioria dessas organizações. Embora continuem a usar o rótulo de revolucionários comunistas para si mesmos, não por razões ideológicas, mas sim por laços ancestrais, já que muitos desses grupos mencionados eram revisionistas que emergiram das fileiras do Partido Comunista da Índia (ML) original, após o partido sofrer seu primeiro revés temporário com o início da Operação Steeple Chase contra os naxalitas e sua Lal Sena. Os Oito Documentos Históricos de Charu Majumdar foram o ponto de virada histórico para o movimento comunista indiano e a revolta de Naxalbari, rompendo definitivamente com o revisionismo moderno e finalmente tirando o movimento do atoleiro do parlamentarismo e o conduzindo às alturas da linha militar estratégica de uma guerra popular prolongada. Desde o modo de produção na Índia até a linha ideológico-político-organizacional-militar para a revolução indiana, Charu Majumdar e o Comitê de Coordenação de Toda a Índia para Revolucionários Comunistas prepararam o terreno para um esforço renovado, visando completar a Revolução de Nova Democracia no país. Como detalhamos em um artigo anterior sobre a noção de unidade da esquerda, as forças que se mantiveram fiéis à linha geral estabelecida pela revolta de Naxalbari se uniram no que hoje é conhecido como PCI (Maoista). Outras, enquanto isso, formaram diversos centros, como o PCI (ML) Estrela Vermelha e o PCI (ML) Libertação, que adotam posições ideológico-políticas-organizacionais semelhantes às do PCI e do PCI (Marxista)*, remetendo aos tempos sombrios anteriores a Charu Majumdar. Pior ainda, existe um grupo de partidos e organizações que nem sequer faziam parte do CPI (ML) original, mas continuam a usar o nome de forma oportunista, como o CPI (ML) Nova Democracia , inspirado por Chandra Pulla Reddy, o CPI (ML) Linha de Massas e o CPI (ML) Janashakti, e o CRRI e o UCCRI (ML), inspirados por T Nagi Reddy, DV Rao e K Venkaiah. Organizações anarco-sindicalistas, como o grupo estudantil Collective, também entraram na disputa, reivindicando a herança Naxalbari.


O que é questionável é que a maioria desses grupos não se manifestou sobre a prisão dos 23 membros do grupo de Hidma. Enquanto isso, partidos da classe dominante, alguns dos quais tiveram seus membros políticos dizimados pelo Batalhão número um do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL) E liderado por Madvi Hidma, como Rahul Gandhi, do Congresso Nacional Indiano, Aaditya Thackeray, do Shiv Sena, e vários ministros e membros do Partido Aam Aadmi, já emitiram declarações condenando a brutal detenção e prisão dos manifestantes. Até mesmo o campo mais fraco da burguesia burocrática compradora – os grandes latifundiários – está reconhecendo que a reivindicação dos estudantes é uma preocupação do povo e que o fato de os estudantes encontrarem refúgio na política do marxismo-leninismo-maoismo como solução para os problemas que afligem a população de Delhi e de todo o país é um direito democrático, não motivo para perseguição. No entanto, os chamados comunistas, companheiros “revolucionários comunistas” que aparentemente entendem a questão da política de um ponto de vista ainda mais avançado do que os direitos democráticos burgueses, têm pouco a dizer sobre o assunto. Aliás, alguns estão até tentando se distanciar de toda a situação para se protegerem dos trolls da célula de TI do BJP e dos capangas contratados no terreno, a chamada Polícia de Delhi. Esperamos que esses “comunistas”, que já abandonaram completamente a ideia de uma linha militar, não se preocupem muito com as alegações da Polícia de Delhi de que os manifestantes se defenderam quando a polícia usou força contra eles. Esperamos, otimisticamente.


Historicamente, nossa queixa sobre a fraca resposta do grupo de “revolucionários comunistas” tem sido, na verdade, uma reclamação antiga de várias organizações revolucionárias e democráticas que atuam em Delhi. Basta observar as duas últimas vezes em que a mídia reacionária criou um alvoroço sobre supostas conspirações de “naxalitas urbanos” na cidade. A primeira ocorreu em 2010, quando o Fórum Contra a Guerra ao Povo (FAWP, na sigla em inglês), uma frente conjunta de várias organizações estudantis e operárias, realizou um evento na Universidade Jawaharlal Nehru um dia após a ação em Tadmetla, onde o EGPL aniquilou 76 soldados da FPRC [Força Policial da Reserva Central - NT]. O alvoroço da mídia transformou todo o caso em um circo, com os capangas da ABVP alegando que o evento do FAWP era uma celebração das mortes dos soldados da FPRC, embora o evento já tivesse sido planejado e anunciado muito antes da notícia da ação do EGPL. Naquela época, também, um grande grupo de organizações comunistas (muitas das quais eram membros constituintes da FAWP) não tomou nenhuma medida contra a reação negativa que a FAWP estava recebendo, com exceção da União Democrática de Estudantes Marxistas-Leninistas-Maoistas da JNU (DSU-JNU) [União dos Estudantes da Universidade Jawaharlal Nehru]. A DSU-JNU, que mais tarde expulsou uma camarilha oportunista sexual e liquidacionista liderada por Umar Khalid, acabou sendo a única organização a exigir que a União de Estudantes da JNU agisse em 2016, quando a controvérsia eclodiu em torno do evento na JNU onde foram entoados slogans em apoio ao prisioneiro político Afzal Guru. Foi a DSU que mobilizou os estudantes da universidade, tirando-os do terror paralisado pela mídia e pela reação do Estado, para que voltassem à ação, mesmo com as diferenças ideológico-políticas com a camarilha de Khalid. Somente nos últimos dois anos, o bsCEM, porta-estandarte do legado do DSU-JNU, tem enfrentado continuamente calúnias baseadas em boatos por sua abordagem militante e apoio mínimo entre os "revolucionários comunistas" por continuar a defender o caminho de Naxalbari em suas inscrições nas paredes. Tudo isso nos leva de volta ao presente, onde vemos uma resposta ainda mais frágil. É importante ressaltar que a combatividade e a firmeza da ação política dessas forças são inversamente proporcionais à força do fascismo brâmane hinduísta e à sua onda de terror e repressão.


Tudo isso nos leva a questionar a vontade política dessas organizações, que reduziram o levante de Naxalbari a meras platitudes vazias para conquistar uma parcela considerável de trabalhadores, camponeses, estudantes e jovens genuinamente simpatizantes do maoísmo, sob o falso pretexto de estarem unidos à causa maoísta. Houve um tempo em que essas forças foram ousadas o suficiente para se posicionarem em terreno comum com os maoístas, o melhor exemplo disso foi visto na luta do povo de Lalgarh, mas com as crescentes contradições do imperialismo, a repressão fascista só se intensifica. Diante disso, compreendemos que a distinção entre aqueles que desejam lutar e aqueles que desejam se curvar à sua vontade torna-se cada vez mais nítida. O mesmo ocorreu na Alemanha nazista, onde o Partido Social-Democrata (SPD), parlamentarista e social-fascista, quase se liquidou em nome da sobrevivência da época, enquanto o Partido Comunista da Alemanha (KPD) empregou todos os meios disponíveis para combater o fascismo. Enquanto o KPD formava a Roten Frontkämpferbund , uma organização paramilitar própria, em preparação para a tomada do poder estatal após inúmeros confrontos de rua entre fascistas e jovens comunistas e democráticos, o SPD condenava os confrontos de rua como um todo, aliando-se inadvertidamente aos nazistas em detrimento dos comunistas. Enquanto o SPD se mostrava incapaz de reconhecer as crescentes contradições entre o povo e o fascismo, o KPD organizava esses elementos militantes das massas em uma força armada disciplinada para melhor se preparar para o que estava por vir. É por isso que o KPD, banido e clandestino, sobreviveu à brutal repressão fascista, enquanto o SPD degenerou em um corpo político amorfo e sem sentido [o KPD, devido às suas bases ideológico-políticas incorretas, retornou ao revisionismo parlamentar após a derrota do fascismo, o que levou ao seu eventual desaparecimento]. Talvez essas versões modernas do SPD também chamem o KPD de aventureiros de esquerda?


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Acusações de “Aventureirismo de Esquerda/Sectarismo”


Algumas forças, como os coorganizadores do protesto Cientistas pela Sociedade, rotularam os slogans e a autodefesa dos manifestantes como atos aventureiros. Outras, como a AIRSO, que foi pelo menos a primeira organização a emitir uma declaração em apoio aos manifestantes, fizeram alusões vagas ao sectarismo como um problema no protesto. A acusação de aventureirismo de esquerda foi feita contra Charu Majumdar por seguidores do capitulacionista pequeno-burguês Ram Nath, que, ao primeiro sinal de repressão estatal durante a Operação Steeple Chase, começou a murmurar sobre a mudança no modo de produção na Índia e, portanto, o caminho para a revolução surgiu repentinamente em seus sonhos: uma insurreição à la Rússia em 1917. Ram Nath, de muitas maneiras, foi um dos primeiros entre os naxalitas a iniciar a tradição de pensar que o modo de produção mudou sempre que o movimento passa por um período de declínio. Ele começou como membro da equipe da revista Dakshin Desh, liderada pelo camarada. Kanhai Chatterjee, que mais tarde se tornou o Centro Comunista Maoísta da Índia (MCCI). Após a formação do CPI (ML), ele abandonou o barco e se juntou ao novo partido, considerando sua linha mais avançada. Eventualmente, ele acusou Charu Majumdar, KC e a linha ideológico-político-organizacional-militar da revolta de Naxalbari de serem aventureiras de esquerda e, em seguida, promulgou a mesma linha defendida por partidos revisionistas como o PCI e o PCI (M). Ram Nath é o pioneiro do modelo de rendição de Sonu (Mallojula Venugopal Rao). A tradição política de Ram Nath, cristalizada no CLI (ML), parece ter encontrado espaço na crítica atual a esse protesto como aventureiro de esquerda. Como o camarada Mao explica os slogans "de esquerda"? “Também nos opomos ao uso indiscriminado do termo 'esquerdista'. O pensamento dos 'esquerdistas' ultrapassa um determinado estágio de desenvolvimento do processo objetivo; alguns consideram suas fantasias como verdade, enquanto outros se esforçam para realizar no presente um ideal que só poderá ser realizado no futuro. Eles se distanciam da prática atual da maioria das pessoas e das realidades do dia a dia, e demonstram ser aventureiros em suas ações.”


Será que exaltar Madvi Hidma e, por extensão, o modelo de desenvolvimento popular de Bastar e os Janathana Sarkars como solução para os problemas ambientais do povo, seria superestimar o estágio de desenvolvimento da época? É fato que, como o poder dual do povo existe em várias partes do país, a principal tarefa de todos os comunistas é o lema "Todo o poder aos Comitês Revolucionários do Povo". Após a formação dos Sovietes, o camarada Lenin não defendeu a participação nas eleições, mas sim o boicote (tanto em 1905 quanto em 1917), e qualquer concessão ao Estado reacionário da classe dominante nada mais é do que um compromisso de classe em tal situação. Foi exatamente isso que ele disse sobre essas forças traiçoeiras e covardes: “Eles tentam se safar com frases vazias, evasivas e subterfúgios; congratulam-se mil vezes pela revolução, mas se recusam a considerar o que são os Sovietes de Deputados Operários e Soldados . Recusam-se a reconhecer a verdade óbvia de que, na medida em que esses Sovietes existem, na medida em que representam um poder, temos na Rússia um Estado do tipo da Comuna de Paris. Enfatizei as palavras “na medida em que”, pois trata-se apenas de um poder incipiente. Por meio de um acordo direto com o Governo Provisório burguês e de uma série de concessões concretas, ele próprio se rendeu e continua a render suas posições à burguesia.” (Lênin, Dualidade de Poderes, 1917) Não é aventureirismo defender o apelo à defesa e à expansão do poder popular; é reacionário, oportunista de direita e pura rendição ignorar essa verdade objetiva e aliar-se à classe dominante. Também não é surpreendente que um dos 23 presos seja membro da própria organização, mas todos os seus esforços têm se concentrado em salvar a própria pele, apaziguar a pequena burguesia de mentalidade liberal e servir de muleta para a classe dominante isolar os estudantes que defenderam a causa política correta.


Vamos também abordar a definição de sectarismo como "ter e promover ideias que impedem ou obstruem um grupo ou partido político de se conectar com as massas e o movimento de massas, e de transformar a luta de massas reformista existente em luta de massas revolucionária". (Dicionário de Marxismo Revolucionário , massline.org)


Ter uma perspectiva de massas seria, portanto, a solução para o sectarismo. “Uma perspectiva de massas é um ponto de vista sobre as massas que reconhece: 1) Que as massas são as artífices da história e que a revolução só pode ser feita pelas próprias massas; 2) Que as massas devem chegar a compreender, por meio de sua própria experiência e luta, que a revolução é necessária; e 3) Que o comunista deve unir-se às massas em suas lutas existentes, trazer a consciência revolucionária para essas lutas e conduzi-las de uma maneira que as aproxime cada vez mais da revolução. Uma perspectiva de massas baseia-se na noção marxista fundamental de que uma revolução deve ser feita por um povo revolucionário, que um povo revolucionário deve se desenvolver a partir de um povo não revolucionário e que o povo se transforma de um para o outro por meio de sua própria prática revolucionária.” ( Dicionário de Marxismo Revolucionário, massline.org) Ambas as acusações de aventureirismo e sectarismo são resolvidas com a defesa de uma perspectiva de massas, e sustentamos que era exatamente isso que os manifestantes defendiam. Em vez de esperarem inertes que as massas, por mágica, criassem teorias revolucionárias, em vez de passarem por inúmeras etapas (linha de T. Nagi Reddy) ou fases (linha de Chandra Pulla Reddy), esses estudantes promoveram a consciência revolucionária em uma luta reformista, não apenas levantando demandas reformistas incrementais, mas expondo a causa raiz do problema e a única solução possível: a Nova Revolução Democrática travada contra o imperialismo, o feudalismo e o capitalismo burocrático comprador. Enquanto os herdeiros de Ram Nath se apegavam à reforma, ignorando deliberadamente a responsabilidade de elevar a consciência e o espírito combativo das massas em meio à luta, alguns cumpriram suas responsabilidades como revolucionários comunistas.


Sobre a política da Frente Única e o “sequestro”


Também ficamos sabendo que algumas organizações, integrantes da plataforma conjunta do Comitê de Coordenação de Delhi para o Ar Limpo, estão ressentidas com o fato de os princípios de uma frente única não terem sido devidamente respeitados, já que algumas organizações adotaram uma linha política com a qual discordavam e, portanto, "sequestraram" o processo. É de se esperar esse tipo de argumento daqueles que não têm uma posição ideológica sobre a questão das frentes únicas em seu programa revolucionário. O camarada Mao Tsé-tung salientou que cada organização deve manter sua independência e iniciativa dentro de uma frente unida. Embora um mínimo comum seja acordado, reconhecer que as forças políticas dentro da frente unida irão, de forma criativa e sem contrariar esse mínimo comum, propagar as demandas com suas próprias compreensões políticas não é um princípio desconhecido. Hipoteticamente, em uma frente unida focada na questão do combate às atrocidades de casta, uma organização ambedkarita e uma organização comunista teriam a mesma linha política sobre o mínimo comum? Elas levantariam as mesmas demandas acordadas, mas suas compreensões políticas sobre o assunto seriam diferentes e ambas continuariam a defendê-las perante o povo. A organização comunista não estaria "sequestrando" as atividades da plataforma conjunta ao apontar que a base do sistema de castas na sociedade indiana permanece em sua base semicolonial e semifeudal e na ideologia bramânica que dela deriva. Da mesma forma, a divulgação das reivindicações da bsCEM sempre veio acompanhada da ideia de que a formação e a preservação dos Janathana Sarkars são a única solução real para o problema da degradação ambiental, o que foi detalhado publicamente em seu artigo no Indian Express, após o protesto de 9 de novembro.

O que constitui uma grave violação da ética de uma plataforma conjunta é a vergonhosa traição perpetrada pelo grupo Cientistas pela Sociedade, que não teve coragem de enfrentar o assédio online e os capangas da célula de TI do BJP, cedendo à pressão para salvar a própria pele ao alegar que abandonaram o local onde manifestantes estavam sendo brutalizados pela Polícia de Delhi por causa dos slogans que entoavam, tal como o covarde Ram Nath. Condenamos essa aceitação pública da covardia, em que um organizador abandonou seus companheiros de organização conjunta (bem como um membro de sua própria organização!) nas mãos do Estado e deixou seus aliados à própria sorte. As massas desorganizadas, muitas das quais foram presas, demonstraram muito mais coragem e firmeza do que o grupo Cientistas pela Sociedade. Condenamos também essa exposição pública de podres dentro de uma frente conjunta, condenando seus coorganizadores presos como forma de se protegerem de represálias fascistas. Vocês não conseguem oferecer solidariedade àqueles cujos direitos democráticos foram violados em um protesto do qual vocês foram coorganizadores, mas têm todo o tempo do mundo para falar sobre ética dentro de uma frente única? Esperamos que a organização Scientists for Society amadureça com nossas críticas, abandone a linha burguesa de rendição de Ram Nath e aprenda a ser cientistas de verdade, que apoiam as reivindicações mais avançadas do povo e não fazem concessões de classe ao fascismo.


Um apelo àqueles que realmente desejam esmagar o fascismo brâmane do Hindutva


O camarada Karl Marx disse que a verdadeira liberdade surge quando se compreende o significado da necessidade. Compreender o significado da necessidade é saber que, sem libertar as forças produtivas das relações de produção retrógradas, a liberdade jamais será alcançada. Hoje, para aqueles que reconhecem a necessidade de esmagar o fascismo bramânico hinduísta, sejam eles membros das forças políticas mencionadas acima ou de qualquer outra corrente, o primeiro passo rumo à verdadeira liberdade é a coragem e a disciplina para não ceder terreno à classe dominante. O povo lutou arduamente para conquistar algumas reivindicações básicas, que agora são constantemente subvertidas. Os novos Códigos Trabalhistas são um sinal de alerta, lembrando-nos mais uma vez do que a classe operária perdeu, quando já tinha tão pouco. Durante estes últimos 15 anos de ascensão do fascismo nesta mesma cidade, passamos de centenas de pessoas reunidas em salões para marcar a execução extrajudicial do camarada Azad, ex-porta-voz do PCI (Maoista), para hoje, em que as pessoas precisam enfrentar a polícia por ar puro e pelo reconhecimento do nome da camarada Madvi Hidma. O terror hindu varreu a cidade, cravando suas garras nas mentes de "comunistas" já revisionistas e comprometidos com a classe social.


Neste momento crucial, apelamos àqueles cujas costas foram quebradas pelo fascismo bramânico do Hindutva para que encontrem coragem para se erguerem mais uma vez, inspirando-se no exemplo daqueles que continuam lutando, daqueles que, ainda adolescentes, enfrentam a polícia e os capangas da ABVP nas ruas todas as semanas, repetidamente, erradicando a própria palavra "medo" de seus dicionários. Isso só é possível com força ideológica, pois é o marxismo-leninismo-maoismo que dá às pessoas a consciência para perseverarem com a atitude de um cientista proletário, porque compreendem que o medo é meramente uma emoção que deriva da filosofia idealista, levando a análises não científicas sobre uma determinada situação. É por isso que reiteramos nossa exigência pela libertação dos 23 de Hidma! Leiam a revista Nazariya e afiem suas lâminas ideológicas!


E lembrem-se das palavras do camarada Lênin: “Que os liberais e os intelectuais aterrorizados percam a coragem após a primeira batalha genuinamente popular pela liberdade, que repitam como covardes: não vão aonde já foram derrotados, não trilhem esse caminho fatal novamente. O proletariado consciente de classe lhes responderá: as grandes guerras da história, os grandes problemas revolucionários, foram resolvidos apenas pelas classes avançadas que voltaram ao ataque repetidas vezes; e elas alcançaram a vitória depois de terem aprendido as lições da derrota. Exércitos derrotados aprendem bem."


Enviado por Vedika Singh, 7 de dezembro de 2025, à Revista Nazariya



*No Brasil, esta organização recebe o apoio, ou saudação contínua, do Partido Comunista Brasileiro.

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