Eduardo Paes e PT: uma história de ódio contra os cariocas
- Viviane Carvalho
- há 4 dias
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Atualizado: há 3 dias
*Atualizado 09/09 21h43
No último domingo, 7 de setembro, a Polícia Militar e a Guarda Municipal - recentemente armada - do Rio de Janeiro realizaram uma ação de reintegração de posse na ocupação Luíza Mahin, organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), na Avenida Venezuela, zona portuária. A operação utilizou bombas de efeito moral e gás de pimenta contra várias famílias, dentre estes crianças e idosos, que estavam no prédio. Dois militantes foram feridos, uma estando com risco de amputação de um dedo e um terceiro foi detido de forma arbitrária. O prédio ocupado pertence à União, e não à Prefeitura ou ao Governo Estadual.
A agressão se estendeu a advogados e aos deputados do Psol Professor Josemar e Tarcísio Motta. As imagens mostram os Guardas Municipais - armados tal qual o Choque - descontrolados com os deputados e advogados. Mesmo filmados, os soldados não demonstram nenhum pudor e jogam spray de pimenta deliberadamente, além de forçarem o confronto corporal com os deputados. Os advogados apontaram de que não havia nenhuma decisão legal de "reintegração" do prédio, sendo a ação apenas decisão direta do prefeito e governador.
Essa repressão é só mais um episódio de terrorismo do Estado contra movimentos populares do Eduardo Paes e governo Cláudio Castro. A desocupação favorece apenas a especulação imobiliária na região portuária o que é resultado imediato da expulsão de moradores da Gamboa pelo projeto de derrubada da perimetral e da construção do "Porto Maravilha" para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016. Projeto que já dura mais de uma década e se constrói por cima da demolição de diversas casas e remoção de diversas famílias da zona portuária.

As demolições e remoções de famílias foram feitas pelo também a época prefeito Eduardo Paes as pressas com o aval do Governo Federal de Dilma, PT para cumprir os prazos da entrega do país aos megaeventos. Acostumado com este papel, toda a desocupação de domingo foi comentada pelo prefeito nas redes sociais que chamou as famílias de baderneiros e criminosos, parabenizando as cenas de violência da PM e GM. O prefeito fanfarrão, como é conhecido pelo movimento popular, foi criticado por todas as forças de esquerda do Estado, menos o PT. Esses que estão na base do seu governo há muitos anos e formaram a base para a aprovação do Pacote de Maldades PLC 186 em dezembro de 2024.

Tainá de Paula, que participou da defesa da unidade com o governo, aprovou o projeto mesmo com a greve municipal do SEPE-RJ e as manifestações como a Ocupação da Câmara e a manifestação duramente reprimida pelo Choque.
Portanto, não causou choque algum no movimento popular combativo que o prefeito postasse em tom de provocação uma foto da reunião com Tainá de Paula, Maíra do MST e João Paulo, dirigente do MST. Maíra é figurinha carimbada do meio da educação, sendo militante do DCE da Uerj sua vida toda (o que com certeza não envolve ocupação de terras ou agricultura familiar como indica sua filiação). *Em nota na noite do dia 9/09 o MST disse que a reunião da foto aconteceu na sexta do dia 5/09, antes da desocupação, e teve como pauta atividades da "reforma agrária".

Ainda assim, a foto evoca um debate ainda necessário no meio do movimento popular sobre o papel do PT no Rio de Janeiro em dar legitimidade a gerência estatal, neste caso, do inimigo número um da Educação - pelo seu longo histórico de repressão as greves de 2013, 2023, 2024 - Eduardo Paes. Para além do debate eleitoralista, o PT continua infiltrado como dirigente de sindicatos e entidades estudantis, atuando como um braço da burguesia, pelegos na definição mais simples da palavra, contra os interesses da base da categoria. Esta foto é mais uma para a lista longa de provas contra o PT nas lutas pelos direitos mais básicos do povo carioca como moradia, educação e saúde. Apesar de ser uma foto constrangedora é fato que não gera mais nenhum ardor nos seus atores, mas ainda ela é um retrato ainda atual da disputa carioca contra os inimigos da classe.