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Georges Abdallah, prisioneiro político mais antigo da Europa, estará livre amanhã

Atualizado: há 19 horas

Ativistas pedem Liberdade para Georges Abdallah em protesto contra os bloqueios de ajuda humanitária em Gaza. Paris, 2025. Foto: NurPhoto/GettyImages.
Ativistas pedem Liberdade para Georges Abdallah em protesto contra os bloqueios de ajuda humanitária em Gaza. Paris, 2025. Foto: NurPhoto/GettyImages.

Georges Ibrahim Abdallah, comunista libanês fiel a causa Palestina, é considerado o prisioneiro político mais antigo da Europa. Preso na França desde 1984, acusado por participar no assassinato de um embaixador dos Estados Unidos e um diplomata israelense, o que aconteceu em Paris 2 anos antes de sua ida a França. O ativista é um marco da repressão e perseguição aos ativistas da Palestina e aos árabes. Em 2025, Abdallah completou mais de 40 anos de detenção mesmo tendo sua liberação autorizada em diversas ocasiões, por pressão dos EUA e Israel.


Sua história


Georges Ibrahim Abdallah nasceu em 2 de abril de 1951, na cidade de Al-Qoubaiyat, no norte do Líbano. Durante a década de 1970, durante guerra civil libanesa, ele conheceu grupos marxistas-leninistas e movimentos de resistência palestinos, especialmente após a invasão israelense com aval dos EUA ao sul do Líbano em 1978.


Os seus caminhos se cruzaram ao da Frente Popular para a Libertação da Palestina – Comando Geral (FPLP-CG) e, posteriormente, da Fração Armada Revolucionária Libanesa (FARL), uma organização marxista leninista cristã que reivindicava ações armadas contra alvos ocidentais em resposta ao envolvimento dos EUA e de Israel no Líbano.


Prisão na França


Georges Abdallah foi preso em Lyon, França, em 24 de outubro de 1984, acusado de posse de documentos falsos. Mas Abdallah foi preso após denunciar que assassinos do Mossad estariam o seguindo. Durante as investigações, ele foi vinculado ao assassinato de dois diplomatas em Paris em 1982: Charles Robert Ray, adido militar da embaixada dos EUA, e Yacov Barsimentov, diplomata israelense. Ambos os ataques foram reivindicados pela FARL.


Na sua prisão, Georges se declarou como preso político e recusou o tratamento inicial do judiciário que tentou forçá-lo a assumir a culpa.


Abdallah em 1986. Foto: GettyImages.
Abdallah em 1986. Foto: GettyImages.

O julgamento de Abdallah ocorreu em 1987. Ele foi condenado à prisão perpétua pelo tribunal francês em pressão do EUA. A sentença baseou-se em documentos alegados serem encontrados em seu apartamento e no testemunho de "autoridades" israelenses e sionistas que o ligavam à FARL. Abdallah não negou seu envolvimento com o grupo, mas denunciou o processo como político, recusando-se a colaborar com o tribunal. E durante toda sua defesa alegou não ser um criminoso, mas um ativista da causa Palestina.


Processo de libertação


Segundo a legislação francesa, um preso condenado à prisão perpétua pode solicitar liberdade condicional após cumprir 15 anos de pena. Abdallah se tornou elegível em 1999. Desde então, ele apresentou diversos pedidos de libertação condicional, dos quais o mais notável foi aceito por um tribunal em 2003, mas anulado posteriormente após recursos do Ministério Público.


Em 2013, uma nova decisão judicial autorizou sua soltura, condicionada à sua expulsão do território francês. O Líbano afirmou que aceitaria o retorno de Abdallah. No entanto, o então Ministro do Interior francês, Manuel Valls, recusou-se a assinar a ordem de deportação, o que impossibilitou a efetivação da libertação. Documentos revelados posteriormente indicaram que os Estados Unidos exigiram diretamente do governo francês para manter Abdallah encarcerado.


A permanência de Georges Abdallah no território francês representa uma ameaça à ordem pública e pode gerar tensões diplomáticas internacionais, especialmente com os Estados Unidos e Israel. [Recurso do Ministério Público, 2013]

Desde então, seus pedidos de soltura vêm sendo negados de forma sistemática. Diversos especialistas em direito internacional, juristas e ativistas europeus denunciam o caráter político de sua detenção prolongada. O governo francês, por outro lado, sustenta que sua libertação representaria risco à ordem pública e às relações diplomáticas, especialmente com os Estados Unidos e Israel.



Mobilizações pela sua liberdade se espalharam pelo mundo


Ao longo dos anos, Abdallah se tornou um símbolo para movimentos anti-imperialistas e pró-Palestina. Anualmente, protestos são organizados diante da prisão de Lannemezan, no sul da França, onde ele cumpre pena. Os atos mobilizam centenas de centenas de pessoas todos os anos. Não só na França, Georges recebe solidariedade do proletariado em todo o mundo pelo seu exemplo de firmeza ideológica e política.


"Exigimos a libertação imediata de Georges Ibrahim Abdallah! Comunista revolucionário, militante por uma Palestina Livre e democrática, em luta contra o imperialismo e o sionismo. Detido na Fraunça em 1984 e elegível de liberdade em 1999", ato em 22 de dezembro de 2011, na Praça Vendome em Paris, em frente ao Ministério da Justiça Francês. Foto: Mehdi Fedouach/GettyImages.
"Exigimos a libertação imediata de Georges Ibrahim Abdallah! Comunista revolucionário, militante por uma Palestina Livre e democrática, em luta contra o imperialismo e o sionismo. Detido na Fraunça em 1984 e elegível de liberdade em 1999", ato em 22 de dezembro de 2011, na Praça Vendome em Paris, em frente ao Ministério da Justiça Francês. Foto: Mehdi Fedouach/GettyImages.

A Anistia Internacional destaca seu caso como emblemático de detenções prolongadas por motivos políticos. E apesar da tentativa do imperialismo de quebrá-lo o espírito, Abdallah continua expressando seus posicionamentos em cartas e declarações públicas. Ele recusa qualquer renúncia à sua militância e mantém seu posicionamento anti-imperialista e de denúncia da ocupação e genocídio de Israel a Palestina e aos países do Oriente Médio.


Em 2025, Georges Abdallah completou 74 anos e foi considerado "não mais perigoso ao estado francês e a ordem pública", e terá sua liberdade nesta sexta, apesar da pressão dos EUA. Esta é uma vitória para o povo francês e toda o proletariado internacional que denuncia a sua tortura e prisão na França ao interesse dos EUA e seu porrete, Israel.




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