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Governo Lula mente sobre "reforma" agrária

Acampamentos pelo país à espera da "reforma" agrária. Foto: Emerson Nogueira
Acampamentos pelo país à espera da "reforma" agrária. Foto: Emerson Nogueira

Tem vindo à tona nos últimos meses denúncias sobre a cínica “reforma” agrária, como a que diz respeito à situação dos camponeses do Acampamento Campo Grande, no sul de Minas Gerais, em que foi anunciada a desapropriação de terras para sua distribuição à camponeses em março deste ano, mas que até agora nada aconteceu de fato. O motivo? A velha burocracia estatal, que pode durar - como já durou em muitos casos - mesmo décadas para andar.


É através dessa completa assimetria entre anunciar uma desapropriação e realizá-la de fato que o Governo tem apresentado números artificiais para compor um quadro (já frágil, de tão minúsculo) que induz à existência de um “reforma” agrária em curso no país. As pouquíssimas desapropriações que vez ou outra o Governo anuncia para manter próximo de si algumas lideranças camponesas correm o absurdo risco de a qualquer momento serem revogadas pelo Judiciário, que está sempre apto a colaborar com os cálculos políticos de seus endinheirados amigos. Se serve de aviso, há não muito tempo Barroso, ministro do STF, teve foto se divertindo no aniversário do presidente do Republicanos, repleto de cantores do ‘agro’, exposta na internet. Mas o que é ainda mais flagrante sobre a natureza de todo esse processo farsesco é o fato de que para ser desapropriada uma terra, além da tonelada de papelada, é realizada ainda uma indenização ao antigo “dono” dela, que o permite - mesmo antes de perdê-la, como está sendo o caso do Acampamento Campo Grande - adquirir terras em outro local, quiçá com solo em melhores condições. Assim, a concentração de terra nunca é resolvida, muitas vezes mesmo se tornando ainda mais violenta.


Área prometida e até hoje não entregue pelo Governo Lula aos camponeses. Foto: Reprodução.
Área prometida e até hoje não entregue pelo Governo Lula aos camponeses. Foto: Reprodução.

Poderíamos ainda nos ater às respostas covardes do Governo. Elas nos ajudam inclusive a ter melhor dimensão de dito ‘fenômeno’. Em primeiro lugar, uma baixíssima quantidade de famílias que o Governo pretende assentar (60 mil), completamente distante de qualquer modificação do quadro em que se encontra o campo brasileiro, de dezenas de milhões de trabalhadores rurais que dependem de terra e do acesso ao crédito para subsistir e que não os encontra. Em segundo lugar, o próprio cumprimento dessa meta tem sido ridícula, pois faltando apenas um ano e meio para o prazo final não chegou a sequer 25%.


O cenário que os camponeses de nosso país são obrigados a enfrentar, portanto, é de fuga da pistolagem de um lado e papeladas e promessas nunca cumpridas por mais um governante do outro - dessa vez, renovadas cinicamente pelo autoproclamado “pai dos pobres”, que tem entregado o que mais necessitam os camponeses de mão aberta para para os magnatas da pecuária e da soja. Seria mais honesto chamar então a dita “reforma” agrária em curso pelo que ela verdadeiramente é: uma contrarrevolução agrária.

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