Drones russos e OTAN, a guerra se avizinha?
- Redação
- 17 de set.
- 3 min de leitura

Na semana passada, as forças armadas polonesas abateram cerca de 20 drones em seu território, drones dos quais a Polônia afirma serem russos. Nesta segunda-feira (15), outros drones abatidos na Romênia também foram acusados de serem russos. Tal fato aumentou de forma exponencial as tensões na região e reverberou em diversos ataques e ameaças entre a Rússia e os países membros da OTAN.
A Rússia afirma que se os drones forem de fato russos, eles não invadiram o espaço aéreo polonês de forma intencional, já os poloneses têm tomado o fato como uma provocação e ameaça à soberania da Polônia. ‘'A Polônia está pronta para reagir a ataques e provocações'’, disse Donald Tusk, primeiro-ministro polonês.
As reações não ficaram somente nas ameaças verbais: foi acionado o quarto artigo da OTAN que prevê uma discussão formal na aliança militar sobre uma ameaça iminente a um de seus participantes e aumento das forças de defesa do país ameaçado. Dezenas de caças e tropas da aliança aportaram na região fronteiriça entre a Polônia e Belarus, enquanto a Rússia posicionou mísseis pesados de curto alcance em seu enclave, Kaliningrado, próximo à fronteira com a Polônia.

O incidente dos drones aconteceu justamente após tentativas fracassadas de Donald Trump de pôr fim à Guerra da Ucrânia, durante a ida atabalhoada de Putin ao Alasca, e do aumento da intensidade dos ataques russos a Kiev nas últimas semanas, que chegaram a atingir prédios do governo na capital. A Ucrânia já não tem mais como responder aos ataques russos de forma contundente, e seu enfraquecimento militar é visível, o que coloca Zelensky e a União Europeia em uma posição difícil: aceitar as demandas de Putin e ceder parte do território ucraniano ou dobrar a aposta e envolver a OTAN no conflito, algo que nitidamente não é um desejo do imperialismo ianque. A posição de Trump sobre a Ucrânia tem sido de não se envolver no conflito diretamente, por conta de dois motivos principais: 1) tenta atrair Putin e afastá-lo da China, 2) Não é interessante neste momento para os EUA em vários aspectos entrar uma guerra contra uma potência militar como a Rússia, pelo contrário, para os ianques é melhor que a Rússia continue se desgastando na Ucrânia sozinha.
Essa estratégia tem se mostrado falha devido a ligação forte do Kremlin com Pequim, que tem se mostrado muito firme, e também devido a pressão da União Europeia em torno de uma atitude mais presente dos EUA no conflito, por temerem que os russos se voltem contra o resto da Europa. É do interesse da União Europeia que a OTAN se envolva no conflito e um eventual ataque russo a um país membro da aliança seria uma ótima cartada para obrigar os EUA a concordarem que a OTAN se envolva de vez na Ucrânia.
Marco Rubio, chanceler dos EUA, declarou que a invasão do espaço aéreo da Polônia é ‘’inaceitável’’, porém completou a sua fala ressaltando que deve ser analisada a intenção dos drones: "A questão é saber se esses drones tinham como objetivo específico ir à Polônia. Se for esse o caso, se as evidências nos levarem a isso, então obviamente seria uma escalada maior", claramente em tom ponderado. Zelensky afirmou que Putin ‘’está testando a OTAN’’ e Macron, presidente da França, classificou o incidente dos drones como provocação e mandou três caças para ‘’reforçar a segurança’’ da Polônia
Na Rússia, após a mobilização das tropas do ocidente e das declarações de líderes europeus, as falas foram ofensivas. O porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov afirmou que “A OTAN está em guerra com a Rússia, isso é óbvio, e não precisa de nenhuma evidência adicional” ao falar sobre a decisão da OTAN em mandar tropas para a fronteira da Polônia com Belarus. E reafirmou que as acusações sobre a invasão dos drones ao território da OTAN foram ‘’infundadas’’, além de alegar que foram criadas para servir como desculpa para uma intervenção do Ocidente no conflito.
As tensões estão escalando na região e um conflito ainda mais amplo ali está bastante amadurecido. Um exercício militar russo em grande escala acontece nesta semana em Belarus e devemos ficar de olho nos desdobramentos destas tensões nos próximos dias.






