Israel não é nada além de um porrete na mão do imperialismo norte-americano
- Redação
- há 2 dias
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Atualizado: há 9 horas
Quatro dias após o início das hostilidades entre Irã e o Estado sionista de Israel, motivadas pela agressão covarde e injustificada deste a uma nação soberana, sem qualquer mandato para tal, fica claro o jogo de cena de Marco Rubio, secretário de Estado dos Estados Unidos, ao dizer que seu governo não tinha coonestado a agressão israelense. Trata-se, na arena mundial, de um patético jogo de policial bom e policial mau que não convence nem mesmo os mais incautos. Os mísseis disparados contra a população iraniana – e o criminoso de guerra ministro da Defesa sionista declarou publicamente sua intenção de castigar os civis –são apenas uma forma de fazer o regime persa se dobrar ante os ditames de Donald Trump.
Na verdade, embora tenha prometido à sua base atuar para acabar com as guerras mundo afora e, sobretudo, com o envolvimento ianque nelas (um dos sentidos do seu lema “America First”), Donald Trump simplesmente não pode fazê-lo. Não pode fazê-lo, em primeiro lugar, porque os povos oprimidos resistem a despeito de qualquer circunstância desvantajosa, de que se ressalta o exemplo indescritível da resistência palestina. Em segundo lugar, apesar de sua supremacia militar, deve enfrentar a concorrência de outras potências, seja a Rússia, no campo nuclear, seja a China, emergente tanto econômica quanto militarmente. E, em terceiro lugar, a própria manutenção do status de polícia mundial, e a vantagem que se comprova de poder atuar com grande intensidade em vários teatros simultâneos, traz a desvantagem de ser obrigado a se engajar em frentes não necessariamente determinadas de antemão. Na verdade, é o complexo tecnológico-militar que governa de fato os Estados Unidos, sob qualquer administração, quem decide estas questões e nenhum perfil psicológico de Trump (como pateticamente insistem em traçar certos “analistas”, querendo lhe emprestar uma função causal que não tem) poderá alterar este quadro.
Na verdade, os Estados Unidos surgiram como potência imperialista através das guerras hispano-americanas no final do século XIX, como apontou Lênin; avançaram como superpotência ao fim da II Guerra Mundial, na qual se beneficiaram da vantagem magnífica de não terem que lutar em seu próprio território; e só serão varridos da face da Terra quando a resistência dos povos do mundo levar as chamas da guerra revolucionária para dentro do seu território. Pretender qualquer vocação pacifista do imperialismo ianque, a maior geringonça assassina que o mundo já viu (único Estado a usar a bomba atômica, e contra alvos notoriamente civis, em Hiroshima e Nagasaki, no maior crime de guerra da história humana) e de seu preposto sionista, não seria obra de ingenuidade – de todo impossível a esta altura – mas puro cinismo, de que dá mostras diárias e repugnantes a imprensa hegemônica ocidental, convertida em escritório de informações dos agressores sionistas.
O Irã exerce sagrado direito de autodefesa e luta com as armas que tem. É o que se espera de um Estado soberano, qualquer que seja ele: um Estado incapaz de defender seu território seria indigno de existir, o que vale neste caso independentemente do seu conteúdo específico. É evidente, no entanto, a disparidade militar a favor dos sionistas, e por uma razão muito simples: à semelhança do que ocorreu com Hitler até o início das hostilidade com o Reino Unido, toda a indústria de guerra dos Estados Unidos e da Europa Ocidental trabalha para Israel, ao passo que o regime iraniano não pode contar com o socorro da Rússia, às voltas com o recrudescimento da frente ucraniana. Por isso, somente picaretas ou ignorantes lastimáveis podem ver nessa capacidade de destruição qualquer engenhosidade ou “resiliência” do Estado fantoche sionista. Além disso, as formas por excelência mais favoráveis à resistência dos países oprimidos é a guerra de movimentos e a guerra de guerrilhas, nas quais o fator humano e a mobilização patriótica de massas exercem um fator crucial, que permite ao exército mais fraco derrotar o mais forte. A guerra aérea é por definição cara e desvantajosa em extremo para os países e forças oprimidos. Ocorre que ela, por si só, por mais danos e sofrimentos que inflija sobretudo à população civil, é incapaz de assegurar ao agressor o controle político sobre o território agredido. A supremacia aérea, portanto, tão propalada pelo gabinete de Netanyahu, não basta para vencer.
Diante deste cenário, há duas possibilidades mais prováveis de desenvolvimento da situação, que é extremamente fluida e complexa: ou o governo Trump logrará se valer da agressão sionista para obrigar o regime de Teerã a um acordo em condições muito desfavoráveis a este, o que provavelmente fortaleceria a fração dita “moderada” (ou seja, pró-Ocidente) no interior do Irã; ou, caso a classe dominante iraniana e a fração militar ligada mais diretamente aos aiatolás conclua que é o próprio regime que ameaça colapsar, ela pode dobrar a aposta com o fechamento do estreito de Ormuz e/ou o ataque a estruturas de outras potências imperialistas, forçando seu envolvimento no conflito e mesmo a invasão do país, caso em que realmente o Irã seria não só um enorme cemitério dos invasores como poderia ser o nó que desataria um conflito de dimensões mundiais. A isso, se acrescenta a possibilidade, latente desde o Dilúvio de Al-Aqsa, de um grande levantamento dos povos árabes contra seus próprios governos lacaios do imperialismo. O primeiro cenário é o mais provável, mas não se pode descartar o fato de que tanto Israel quanto os Estados Unidos são hoje governados por celerados de extrema-direita, que usam, cada um a seu modo, as agressões externas como contrapeso às suas dificuldades domésticas, ou mesmo o papel do azar e do imponderável em momentos particularmente críticos da história.
O que aqui se disse não diminui, mas, ao contrário, deve estimular a solidariedade mais ativa à resistência iraniana, pois cada míssil que perfura o Domo de Ferro e atinge o território inimigo se constitui realmente como um feito notável. É necessário, do mesmo modo, redobrar as ações de solidariedade à luta heroica do povo palestino, pois a agressão sionista ao Irã ocorreu não por acaso no momento de maior isolamento do Estado terrorista de Israel, quando o cerco à Gaza ameaça ser rompido por uma conjunção de fatores tanto locais quanto mundiais. A denúncia incessante da guerra de agressão imperialista, onde quer que ecloda, e das forças fascistas que a estimulam e ensejam, estão como nunca na ordem do dia, inseparáveis que são do atiçamento do espírito revolucionário dos povos e classes oprimidos que este mesmo estado de coisas acarreta, e que levará em última instância, e através de todos os reveses, à vitória destes últimos.