Mensagens de celular de Bolsonaro evidenciam papel de fantoche dos EUA e fissura na extrema-direita
- Redação
- há 3 dias
- 2 min de leitura

Nesta quinta (21), Jair Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal após as investigações criminais indicarem um conteúdo de mensagens em seu celular entre 13 e 17 de junho que demonstram articulações realizadas por ele e seu filho, Eduardo Bolsonaro, com o intuito de usar as sanções econômicas de Trump ao Brasil como forma de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF).
O relatório que os acusa de “coação no curso do processo” e “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito” foi enviado à Procuradoria Geral da República (PGR), que poderá optar ou não entrar com a denúncia. Nas mensagens, Jair e Eduardo Bolsonaro organizavam, junto de aliados como o pastor Silas Malafaia e o “influencer” Paulo Figueiredo (neto, aliás, do fascista ex-presidente do regime militar João Figueiredo), ações em resposta aos processos em que são réus por envolvimento com o movimento golpista do 8 de janeiro.
Nas mensagens, fica novamente evidente (novamente, pois Eduardo Bolsonaro já admitia orgulhoso na internet suas conversas com o chefe reacionário estadunidense) o que estava sendo orquestrado em relação às sanções econômicas de Trump contra o Brasil, como nas indicações de Eduardo à seu pai para “acordar de olho nas redes do Trump” logo antes das medidas, e depois indicando a necessidade de sinalizar agradecimento a Trump. Não só isso, como ainda Bolsonaro menciona ao filho que estaria em conversa com “alguém do STF”, chegando a falar ao filho que “esqueça qualquer crítica ao Gilmar [Mendes]”, em referência ao ministro do STF, demonstrando que seus ataques ao STF são no fundo superficiais e mesmo pessoais, pois em alguma medida depende e conta com o aparato jurídico do Estado para seus planos genocidas.
Consta também entre as mensagens um recado do general golpista Braga Netto indicando estar em posse de um celular pré-pago para “qualquer emergência”, entrando para lista das “medidas cautelares” descumpridas. Entre Jair e Eduardo se travam discussões cheias de xingamentos que demonstram mais uma fissura na extrema-direita, dessa vez com relação à escolha de Tarcísio Freitas como sucessor para as próximas eleições presidenciais, com Bolsonaro buscando afastar essa decisão de seus superiores da Casa Branca, para quem a vitória de Tarcísio representaria maior facilidade de articulação de seus interesses em nosso país, em comparação com os ataques mais diretos contra a nação que têm sido feitos.
Outro documento que faz parte do relatório revela uma tentativa de pedir asilo na Argentina através de uma carta, arquivada também no celular de Bolsonaro, endereça nominalmente à Javier Milei, inimigo do povo argentino e presidente do país, com direito a citação bíblica e aos “direitos dos homens” - pedido cuja data coincide com as que Bolsonaro havia informado à Alexandre de Moraes sobre viagem à Argentina.
Bolsonaro e sua defesa foram intimados a explicar, dentro de 48 horas, a repetição das atitudes golpistas que o levaram ao banco dos réus e o descumprimento das medidas cautelares aos tribunal.