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“Nós existimos”: A revolta justa dos povos originários na COP30 

Atualizado: 14 de nov.

No dia 11 de novembro de 2025, povos originários do Brasil protestaram dentro de um dos pavilhões no qual ocorria a 30º Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas em Belém (PA), a COP30.


Os indígenas ocuparam a Zona Azul da COP30 na tentativa de que suas reinvindicações sejam ouvidas e para denunciar a hipocrisia da Conferência, que ocorre enquanto os povos originários do Brasil denunciam a privatização dos rios, o desprezo do governo pelas suas pautas e a falsa representatividade indígena. A polícia da ONU - que faz a segurança interna do local- respondeu com truculência, enforcando ativistas, jogando seus instrumentos de luta pelos ares e insultando-os. Apesar disso, os indígenas resistiram a opressão junto dos demais movimentos presentes.


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Segundo o site da própria COP30, o Brasil articula a "maior participação indígena da história das COPs". Até mesmo Lula fez declarações prévias à realização da COP no Brasil, dizendo que “Nós vamos discutir os indígenas, vendo os indígenas” e que essa seria a COP da “verdade”. Toda uma narrativa sobre a participação dos povos originários neste evento foi propagandeada, envolvendo o Ministério dos Povos Indígenas representado por Sonia Guajajara (PSOL) e outros 400 indígenas credenciados para participarem do evento. Inclusive presente em propagandas oficiais da COP30. No entanto, de todas as lideranças indígenas que foram permitidas a participar do evento, com uma quantidade expressiva de lobistas do combustível fóssil – nos últimos 4 anos, cerca de 5 mil lobistas participaram ativamente da conferência -, nenhuma tem poder de deliberação sobre os assuntos da conferência. A farsa "multilateral" da COP, que só veste o capitalismo de cores verdes com seus projetos "de mercado" com o sofrimento dos trabalhadores e povos do mundo diante da crise climática, vai tentando cada vez mais se vestir de novas cores para renovar as ilusões e mitigar a revolta popular e a alternativa revolucionária que realmente salva o planeta.


Além disso, depois do protesto, a COP30 contou com a segurança externa da Força Nacional – via decreto Garantia da Lei e da Ordem assinada por Lula - e com os portões fechados ao público para impedir a entrada dos indígenas. Ou seja, para o governo, os povos indígenas só valem se forem meros telespectadores obedientes que assistem a perda de seu território nas mãos dos imperialistas que são os financiadores da conferência.


Não é de se espantar que o governo brasileiro tenha ficado constrangido com a repercussão nacional da revolta indígena em seu território. Lula inclusive criticou Guajajara e Boulos (PSOL) pela bandeira do seu partido ter aparecido nas fotos do que mídia tem chamado de “excesso”, “vandalismo” e “violência” por parte dos povos indígenas. Ambos ainda não se manifestaram oficialmente pelo ocorrido, o que neste caso, diz muito.


As reinvindicações dos povos originários do Brasil 


Diversos povos participaram da manifestação combativa, e têm se levantado para denunciar a destruição de suas terras, em especial no caso da COP30, os povos do baixo tapajós (etnias Munduruku, Tupinambá, Arapiu, Arara vermelha e Maitapu). Dias antes da Conferência, no dia 7 de novembro, diversos indígenas protestaram nas embarcações que chegavam no Rio Tapajós para denunciar o projeto Ferrogrão e a lei 12.600/2025 que privatiza algumas vias de transporte aquáticas, como o próprio Tapajós.


No início deste ano, os povos originários já haviam, no Pará, ocupado a sede da secretaria de educação contra o Projeto de Lei 10.820/2024 que retirava o direito das comunidades indígenas ao ensino público presencial mediado. O projeto foi revogado pelo governo de Helder Barbalho (MDB), propositor do projeto, depois de mais de 20 dias de ocupação. 


Além disso, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi): “são inúmeras terras aguardando o reconhecimento oficial do Estado, seja através de publicação da portaria declaratória ou da homologação delas. Há diversos territórios sem registro em cartório a uma lista infindável de terras que aguardam os estudos para identificação e delimitação, enquanto a lei do marco temporal caminha à aprovação com a conivência e "permissão" dos "três poderes".





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