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O pincel é uma arma

Publicamos abaixo a tradução de três pequenos artigos aparecidos na Revista Chinese Literature, de outubro de 1966, que tratam da relação entre pintura e a transformação socialista.



Pintura Revolucionária pelos camponeses.


A Grande Revolução Cultural Proletária está agora varrendo a China com um tremendo vigor e em larga escala. A ampla massa de trabalhadores, camponeses e soldados levantam alto a grandiosa bandeira vermelha do pensamento Mao Tse-tung, e como mestres de seu país orgulhosamente assumiram para si a cultura socialista. Seguindo a instrução do presidente Mao de usar a literatura e a arte revolucionária como ‘’armas poderosas para para unir e educar as pessoas e atacar e destruir o inimigo’’, eles criaram diversas obras exaltando nosso grande partido e nosso grande líder Mao Tsetung, a causa socialista e nossos herois. As pinturas feitas pelos camponeses do condado de Huhsien da província de Shensi que apresentamos incorporam nesta edição o pensamento Mao Tsetung e dão destaque a política e a luta de classes. Em nossa visão essas são excelentes pinturas.


Há muitos anos, os camponeses do condado de Huhsien têm adotado o Pensamento de Mao Tsetung como guia e vinculado estreitamente seu trabalho aos grandes movimentos revolucionários da luta de classes, da luta pela produção e da experiência científica. Estudando e trabalhando ao mesmo tempo em que são parte ativa das lutas reais, eles criaram um grupo de artistas no tempo livre que se destacam tanto no trabalho agrícola quanto no trabalho artístico. Eles agiam de acordo com os ensinamentos do Presidente Mao ‘’Toda nossa literatura e arte são para as massas. Em primeiro lugar para os trabalhadores, camponeses e soldados, elas são criadas para eles e para o seu uso’’.


Eles se adaptaram às condições, adotando diversas formas de arte como pintura em muros, quadro de notícias e lanternas mágicas para representar a vida das pessoas e as ações a sua volta, assim como exemplos reais da opressão de classe que sofreram na velha sociedade e conhecimento científico para auxiliar na produção. Esse jeito gráfico de educar os membros da comuna na luta de classes e na produção se fez importante para despertar-lhes o entusiasmo, ajudando a desenvolver seus projetos agrícolas e de construção.


Como essas pinturas são todas obra de membros da comuna que participam diretamente na produção, elas se baseiam na vida e são fortemente realistas, transmitindo plenamente os sentimentos ricos e naturais dos trabalhadores.


A composição é regida pela ideia central e não restrita a convenções formais, isso resulta em um alto grau de originalidade. A partir das reproduções e artigos dos artistas desta edição, podemos ver que, uma vez que os trabalhadores, camponeses e soldados tenham compreendido o pensamento de Mao Tsetung, sua sabedoria e talento criativo não terão fim. Eles foram, de fato, a principal força da nossa Grande Revolução Cultural Proletária e, sem dúvida, continuarão cada vez mais fortes.


 Tu Chin-Lien



Meu pincel é uma arma


Pertenço à Brigada de Produção Panchuyuan, Norte da Comuna de Yuchan em Huhsien, província de Shensi. Minha família era formada por camponeses pobres que trabalharam por longas gerações como empregados de senhores de terra. Eu mesmo fui contratado por dois anos, mas depois da libertação nos tornamos nossos próprios mestres. Então, relembrando os tempos ruins do passado, percebo como nossa nova sociedade é boa.


Eu amava pinturas quando criança, mas como uma criança pobre que sequer tinha um par de calças naquela velha sociedade poderia pensar em aprender a pintar? Eu nunca tinha sonhado que após a libertação eu teria a chance de aprender a manusear um pincel, devo tudo isso ao Partido. Em 1961, o Centro Cultural do condado começou a oferecer aulas de arte em nosso vilarejo, o secretário do Partido me disse para entrar. Naquela noite eu estava feliz demais para dormir, pensava: Na velha sociedade eu jamais teria a chance de pintar, na nova sociedade o partido quer que eu aprenda, certo, eu devo estudar bastante e dominar a arte de pintar!


O Presidente Mao dizia que a literatura e a arte revolucionária devem ser “armas poderosas para unir e educar as pessoas e atacar e destruir o inimigo”. Quando pintamos não devemos fazê-lo só por pintar, devemos usar nossos pinceis como armas para defender nossa grandiosa nação, para defender os selos de posse (seals of office) que nós, camponeses pobres e médios, tomamos com nossas próprias mãos. Em nosso vilarejo existia um ex senhor de terras chamado Yang Chien-Chang que também pinta, em 1962 quando a camarilha de Chiang Kai-Shek, apoiada pelo Imperialismo Ianque, gritavam que lutariam para retornar ao continente, ele pintou em seu portão dois deuses de porta (two door-gods) para propagandear superstições feudais e fez dois quadros para o seu quarto: uma intitulada “Chungkuei perseguindo fantasmas” representando que o mal seria varrido para longe e um Unicórnio aparecendo para uma criança, como sinal de bom presságio.


Quando as vi, soube que aquele porco de mau coração as colocou como um desafio a nós. Eu o reportei à seção do Partido de nossa brigada. O secretário do partido disse: "Nosso inimigo de classe tem feito pinturas propagando ideias reacionárias. Isso não é motivo de piada. Precisamos mostrar seus truques sujos e achar uma forma de fortalecer a posição da ideologia socialista em nossos vilarejos”. Então, pintei “A colheita abundante” e “As comunas populares são boas” e coloquei essas pinturas nos portões de alguns camponeses médios e pobres, bem em frente à casa do senhor de terras. Os moradores do vilarejo imediatamente elogiaram minhas pinturas, eles sentiram que elas haviam superado as do senhor de terras, elevando a moral dos camponeses médios e pobres.


O Presidente Mao nos disse que a literatura e a arte devem servir aos trabalhadores, camponeses e soldados, e devem ser usadas por eles. Todas as minhas pinturas são baseadas em eventos reais de nosso vilarejo. Em 1963, quando o partido nos encorajou a pintar a história de nossas famílias, eu fiz uma série de pinturas sobre a vida de uma camponesa pobre idosa, Hsia Tsai-Hua. Quando foram exibidas, ela parou em frente às pinturas com lágrimas escorrendo por suas bochechas e nos disse como ela vivia implorando por comida naquela época -isso foi uma lição importante para todos nós. Depois, em meu tempo livre, fiz uma pintura de algumas garotas de uma das equipes de nosso vilarejo que trabalhavam bastante e eram rápidas no transporte de arroz. Eu coloquei a pintura no quadro de notícias para incentivá-las. Quando as pessoas viram, disseram “Essas moças trabalham muito bem e devem ser enaltecidas!’’, desde então elas tem se saído ainda melhor em seu trabalho e se esforçado ao máximo.


Desde que comecei a usar meu tempo livre para pintar, não deixei que isso interferisse no trabalho do campo. Ao longo do dia trabalho na terra, de noite pinto em casa. Nunca estive atrasado para o trabalho por conta da pintura. No ano retrasado quando nosso vilarejo organizou uma exposição sobre a Lei Feng, me pediram para produzir uma série de quadros e disseram que eu poderia parar de trabalhar para fazer isso, mas eu não queria que a pintura afetasse a produção, então todo dia eu levantava pronto para ir ao campo e trabalhava mais que o normal para acabar as tarefas do dia mais rápido, então depois que meu trabalho no campo estava finalizado eu ia para casa e pintava até tarde da noite. O líder da brigada queria me presentear com pontos extras de trabalho, mas me recusei a aceitá-los, “Eu estou fazendo isso pela propaganda, não por pontos extras”, expliquei. “Quando pintamos sobre a Lei Feng devemos também aprender com ela. Pintar também é trabalhar pela revolução.’’

 

Minha experiência com a pintura durante o tempo livre me ensinou que, para fazer quadros que sejam verdadeiras armas para a luta, nós devemos ser verdadeiros revolucionários. Para me revolucionar o mais rápido possível, continuo estudando as obras do Presidente Mao e sempre tento me lembrar o que ele nos ensinou. Escrevi essas quatro linhas para colocá-las em minha mesa:


As obras do Presidente Mao são o nosso Farol,

A arte deve servir a política.-devemos fazer isso direito;

A Arte tem um grande papel a cumprir na educação das pessoas,

E a pintura é uma arma em nossa luta.


Liu Chi-Kuei



A pintura serve à política


Depois das aulas do ensino fundamental, eu voltava para casa para trabalhar no campo. Eu gostava muito de arte na escola, então, de volta à nossa aldeia, desenhava retratos por diversão sempre que tinha tempo e os colocava na parede. Quando o líder da brigada descobriu que eu sabia desenhar, pediu-me para pintar alguns retratos em série da história de nossa aldeia, inclusive a história da minha própria família. Quando desenhei meu pai sendo expulso do vilarejo pelo senhor de terras e forçado a ir para as montanhas, fui consumido por ódio do senhor de terras e da velha sociedade. Por isso, me esforcei muito para fazer esses desenhos, e os moradores gostaram deles. Depois disso, montamos uma equipe de arte em nosso vilarejo e, sob a liderança de um representante do partido, estudamos o discurso do Presidente Mao no Fórum de Literatura e Arte de Yenan, além de discutir o que aprendemos ao fazer essas fotos em série da história de nosso vilarejo. Isso me ajudou a ver com mais clareza o propósito da pintura - ela deve servir à política proletária, à revolução socialista e à construção socialista.


Então a nossa equipe de arte do vilarejo começou uma grande variedade de atividades para se adequar a diferentes movimentos políticos e as nossas principais tarefas na produção. Durante a temporada movimentada da colheita de verão nós realizamos um quadro da colheita; mostramos aos membros da comuna lanternas mágicas de pessoas boas e boas ações em nosso vilarejo e em outros lugares, nós também escrevemos poemas e o ilustramos quadro negro para criticar ou exaltar alguns acontecimentos no vilarejo, essa forma mostrou ser muito popular entre os membros da comuna. No último outono, algumas crianças pegaram talos de milho no campo da nossa brigada para comer como cana-de-açúcar. Então, pintei um quadro chamado “Não coma os talos doces” escrevi embaixo dele:


Uma criança travessa de alguma família

Come grãos de milho e se alimenta alegremente;

Ele estragou muitos grãos bons, veja,

No entanto, ele está tão satisfeito quanto pode estar.

Quem deve levar a culpa por isso? Não ele,

Mas sua mãe e seu pai - não concorda?


Assim que a pintura e o verso foram publicados, os membros da comuna expressaram sua aprovação. E, depois disso, os meninos e meninas do nosso vilarejo pararam de pegar os pés de milho. Durante a colheita no verão passado, a quinta equipe de nosso vilarejo estava tão empenhada em ajudar a construir o país que, na mesma tarde em que terminaram de colher o primeiro lote de trigo, enviaram sua cota de grão para o estado. Pintei um quadro em homenagem a isso em nossos quadros da colheita. Graças ao exemplo da quinta equipe, todo o vilarejo terminou a entrega de grãos ao estado três dias antes do previsto. Também elogiei a quarta equipe em nosso quadro pelo bom cultivo de algodão. Como resultado, eles trabalharam com mais empenho e a produção aumentou consideravelmente.


Além de retratos desse tipo, fazemos lanternas mágicas com as boas ações realizadas pelos membros de nossa comuna e os exibimos como material de propaganda. A Brigada de Huachung de nossa comuna fica em um vilarejo próximo às colinas, como a maior parte de suas terras ficam no alto, no passado, sempre que chovia muito suas plantações eram levadas pela água. No ano passado, liderado por um representante do Partido, esse vilarejo seguiu o exemplo de Tachai, criando campos em terraços nas colinas e construindo represas e reservatórios para evitar inundações. Eles se esforçaram ao máximo e alguns herois apareceram entre eles. Então, fiz quinze lanternas mágicas dos herois que domaram as colinas para mostrar aos outros membros da comuna o que eles haviam conseguido, foi um tremendo incentivo para a Brigada de Huachung. Eles diziam “Agora que a comuna nos prestigiou dessa forma, precisamos seguir nos esforçando e fazer ainda mais.”


O representante do partido nos ajudou a fazer estudos regulares das obras do Presidente Mao e nos estimula a assumir a liderança no trabalho agrícola. Sou o contador da nossa equipe e também trabalho no campo, usando as noites para pintar. No ano passado, quando publicamos nossos quadros da colheita, eu passava o dia colhendo trigo com os membros da comunidade e só me dedicava à pintura depois de fazer as contas à noite. Minha mãe insistia para que eu me deitasse, mas eu não conseguia dormir. Estava tão fascinado pelos eventos emocionantes do dia que senti que devia pintá-los para meus colegas de trabalho. E apesar de ter ficado duas noites acordado para fazer isso, meu coração estava mais leve do que se dormisse por três dias. Da experiência adquirida nos últimos anos eu cheguei a uma conclusão: Quanto maior a demanda de trabalho, mais eu encontro inspiração para pintar e entendo melhor o significado da minha pintura.


Autoria Anônima

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