top of page

Resistência palestina golpeia a ocupação sionista em seu próprio ventre

Foto: Al Jazeera.
Foto: Al Jazeera.

No dia 8 de setembro, aproximadamente às 11h (horário de Jerusalém), foi realizada uma operação de resistência no cruzamento do assentamento ilegal "Ramot", construído nas terras das aldeias de Nabi Samwil, Beit Iksa e Shuafat, nos territórios ocupados de Jerusalém. Combatentes da resistência embarcaram em um ônibus de colonos e abriram fogo com um "Carlo", uma submetralhadora de fabricação caseira palestina, visando os ocupantes presos no trânsito intenso no cruzamento.


Até agora foram confirmados 7 colonos mortos e pelo menos 20 feridos, muitos deles em estado crítico.


Os combatentes lutaram até o martírio, após confrontarem as forças de ocupação, que correram em grande número para o local. Suas identidades foram reveladas logo após, sendo Muthanna Amro da vila de Al-Qubeiba e Mohammed Taha da vila de Qatanna, ambas localizadas a nordeste de Jerusalém.


O movimento estudantil da Universidade de Birzeit homenageou ambos, com Muthanna sendo um estudante de engenharia elétrica desta faculdade.


Filmagens do local mostram pânico entre os colonos e ambulâncias transportando vítimas de dentro do ônibus e das áreas próximas.


Tais operações são classificadas pela resistência como "Operações Fedayeen" ou "Operações de auto-martírio", as quais têm o objetivo de eliminar o máximo de colonos/soldados possíveis, mesmo com o eventual martírio dos combatentes. Tal tática se popularizou e se intensificou durante a primeira e segunda intifadas, principalmente com a liderança de Yahya Ayyash, que comandava as operações de homens bomba, e Imad Aqel, idealizador e praticante da tática de "distância zero", onde soldados e colonos eram mortos em combates de pouca distância ou corpo a corpo.


Os grupos que compõem a resistência nacional palestina elogiaram o ataque de forma unânime, enquadrando-o como uma resposta legítima e necessária às políticas sionistas e à agressão em curso em toda a Palestina.


A FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina) elogiou a "operação heroica e qualitativa", enfatizando sua execução profissional "à queima-roupa" em uma das áreas mais fortificadas dos territórios ocupados de Jerusalém. A FPLP descreveu o ataque como um "forte golpe nas profundezas da entidade sionista", enviando uma mensagem clara de que a ocupação "não desfrutará de paz em nossa terra e pagará um alto preço por todos os seus crimes". O porta-voz militar Abu Jamal elogiou a operação em nome das Brigadas Abu Ali Mustafa, ala militar da FPLP. O Movimento de Resistência Islâmica Hamas abençoou o ataque como uma "resposta natural" à guerra de caráter genocida infringida contra Gaza. O grupo enfatizou que a operação serve como um alerta direto de que os planos de profanar a Mesquita de Al-Aqsa "não passarão sem punição". O Hamas enquadrou o ataque como um golpe contra a "profundidade da segurança" da ocupação e apelou à "juventude revolucionária" da Cisjordânia para intensificar o confronto.


A Jihad Islâmica Palestina posicionou a operação como uma resposta a uma ampla variedade de ações criminosas dos sionistas, incluindo crimes em Gaza, na Cisjordânia e nas terras ocupadas desde 1948. De forma singular, a Jihad Islâmica também vinculou o ataque à "política de terrorismo e fome dentro das prisões sionistas". O movimento condenou o "silêncio e a inação árabe e internacional" e pediu uma resposta intensificada em toda a Palestina. Sua ala militar, Saraya Al-Quds, emitiu uma declaração concisa, aclamando a "heroica operação de duplo tiroteio" como um ato natural e legítimo.


O Movimento Mujahideen Palestino caracterizou a operação como uma "mensagem de fogo do povo livre de nossa nação". Afirmaram que o ataque reflete um "crescente estado de revolução na Palestina" e serve como prova de que o povo palestino não será subjugado. O movimento reiterou seu apelo à intensificação dos ataques, afirmando que o inimigo "só entende a linguagem das lanças e da força". O Fatah al-Intifada descreveu o ataque como uma confirmação de que a resistência está viva e bom estado, declarando que a "resistência e o fuzil permanecerão em punho" diante da ocupação. O grupo destacou especificamente o ataque como uma resposta à profanação de locais sagrados e, notavelmente, à "decisão da ocupação de anexar a Cisjordânia", afirmando que a resistência é o "escudo que protege o povo palestino".


Os Comitês de Resistência Popular na Palestina (CRP) também elogiaram a operação, considerando-a uma resposta legítima a uma "guerra de genocídio, limpeza étnica" e planos de anexação. O CRP enfatizou que o ataque comprova o "fracasso acumulado e complexo do sistema militar e de segurança sionista". O grupo enviou uma mensagem específica aos colonos e a sociedade israelense, afirmando que "o criminoso Netanyahu e sua gangue estão levando vocês à ruína e à destruição" e que não pode haver "segurança ou estabilidade" para eles enquanto os massacres continuarem. Por fim, afirmaram que "entre Ramot e Ramon, as ilusões sionistas de segurança e falsa vitória estão se dissipando" e convocaram os combatentes em todos os lugares a "incendiar nossa terra sob os pés dos sionistas usurpadores".


A mídia israelense também noticiou que, por volta das 5 horas em horario local, um artefato explosivo improvisado foi lançado contra a tripulação de um tanque das forças de ocupação sionistas perto de Jabalia, no norte de Gaza. Houve disparos de metralhadoras contra o tanque e seu comandante, o que levou ao incêndio e à morte de todos os tripulantes.


É claro que ações de terror isoladas não substituem a ação das massas mobilizadas e, na maior parte dos contextos, servem mais como justificativa à reação do que como incentivos à ação popular independente. Contudo, na situação específica da Palestina ocupada, e particularmente desde a selvagem operação de extermínio levada a cabo na Faixa de Gaza há vinte e três meses, bem como a remoção forçada e aniquilamento dos residentes palestinos na Cisjordânia, tal ação é absolutamente justificada. Justificada do ponto de vista político, uma vez que faz com que a população israelense sinta na própria pele os custos do genocídio praticado por seu governo, obrigando-a a intensificar as ações para derrubá-lo, ainda que por razões de sua própria segurança; justificada do ponto de vista militar, pois derruba o mito –já bastante desmoralizado – da invencibilidade das forças de agressão sionistas, que pagam um preço alto por cada dia de ocupação. A própria saudação unânime da frente unida que sustenta hoje a resistência nacional, tanto em Gaza como na Cisjordânia, exemplifica que não estamos aqui perante um terror individual, mas de uma ação terrorista subordinada e coordenada de fato aos interesses da luta patriótica geral, cujo epicentro está na Faixa de Gaza, ação que por isso é justa¹. Na verdade, a mesma lógica se aplica à captura de reféns, inclusive civis, como tática de guerra, operação que se revelou crucial para o prosseguimento da resistência palestina nos momentos de maior pressão militar. Apenas a canalhice mais completa poderia igualar esta ação heroica e desinteressada de mártires palestinos com a verdadeira caçada humana, com a privação industriada de água e comida, perpetrada em larga escala por Israel, Estados Unidos e seus cúmplices ocidentais ou petro-árabes, estes sim, os maiores terroristas de nosso século.


1 “E a guerra de guerrilhas, o terror de massas, que se desenvolve por toda a parte na Rússia quase ininterruptamente depois de Dezembro, ajudarão indubitavelmente a ensinar às massas a táctica acertada no fomento da insurreição. A social-democracia deve reconhecer e integrar na sua táctica este terror de massas, naturalmente organizando-o e controlando-o, subordinando-o aos interesses e condições do movimento operário e da luta revolucionária geral, eliminando e cortando implacavelmente a deformação ‘bandoleira’ desta guerra de guerrilhas, com a qual acabaram tão magnífica e implacavelmente os moscovitas durante as jornadas da insurreição e os letões durante as jornadas das famosas repúblicas letãs”. Lênin, “Lições da insurreição de Moscou”, 1906.

Assine nossa newsletter

Receba em primeira mão as notícias em seu e-mail

Seu e-mail
Assinar
bottom of page