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SC: cidade de Descanso comemora os 100 anos da passagem da Coluna Prestes por suas terras

Evento comemorará 100 anos da Coluna Prestes na cidade de Descanso, SC. Foto: Arquivo Pessoal.
Evento comemorará 100 anos da Coluna Prestes na cidade de Descanso, SC. Foto: Arquivo Pessoal.

A Coluna Prestes (1924-1927) após vencer o Combate da Ramada, dia 3 de janeiro de 1925, dia do aniversário de 27 anos de Luiz Carlos Prestes, seguiu para o norte do Rio Grande do Sul e atravessou o Rio Uruguai. Na margem do Rio Pardo, afluente do rio Uruguai, numa emboscada, foi morto o tenente Mário Portela Fagundes, que esteve no comando revolucionário desde o início das conspirações. Tragédia para toda tropa. Seu túmulo é hoje venerado na cidade de Pinheirinho do Vale, inclusive, foi tombado como patrimônio histórico e cultural pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Todos os anos é neste local que acendem a Chama Crioula durante os festejos da Semana Farroupilha, todo ano no mês de setembro. Foi este bravo tenente que que cunhou a seguinte frase: "Grandes causas têm seus mártires antes dos heróis, então, sejamos mártires os heróis virão depois". O filho do Cavaleiro da Esperança, Luiz Carlos Prestes Filho, escreveu o poema abaixo em homenagem ao herói, sempre reverenciado por seu pai, que não conseguiu pisar no chão de Santa Catarina e seguir a luta.


O MARTIR E O HERÓI


"Grandes causas tem seus mártires

Antes dos heróis

Então, sejamos mártires

Os heróis virão depois"


Foi na margem do rio Pardo

No meio da emboscada

Que tenente Portela honrou

Essas suas próprias palavras


Sua morte fez do capitão

Do seu amigo, camarada

O Cavaleiro da Esperança

Das novas alvoradas


Que iuminam

A beira do rio

Onde o Tenente Portela descansa

Mártir do nosso Brasil

(Poema de Luiz Carlos Prestes Filho)


Luiz Carlos Prestes durante a Coluna. Foto: Arquivo Pessoal do Autor
Luiz Carlos Prestes durante a Coluna. Foto: Arquivo Pessoal do Autor

Na famosa carta ao General Isidoro Dias Lopes, escrita durante o pouso a margem do rio Macaco Branco, Estado de Santa Catarina, o comandante da Divisão Revolucionária Gaúcha, Luiz Carlos Prestes, escreveu: “A guerra no Brasil, qualquer que seja o terreno, é a guerra do movimento. Para nós revolucionários o movimento é a vitória. A guerra de reserva é a que convém ao governo que tem fábricas de munição, fábricas de dinheiro e bastante analfabetos para jogar contra as nossas metralhadoras. Com menos de 1.000 homens armados e, tendo para mais de 4.000 cavalos, consegui passar, em pleno campo, por entre mais de 10.000 homens do governo. Nunca foi possível determinar qual a minha verdadeira direção e impraticável se tornou a perseguição. Com minha coluna armada e municiada sem exagero julgo não ser otimismo afirmar a V. Exa. que conseguirei marchar para o Norte e dentro pouco tempo atravessar o Paraná e São Paulo, dirigindo-me ao Rio de Janeiro, talvez por Minas Gerais. Se a Divisão São Paulo igualmente movimentar-se a marcharmos em ligação estratégica e, talvez, em algumas circunstâncias, mesmo tática, impossível será ao governo obstar a nossa marcha. Marchando engrossaremos a Coluna e absolutamente não lutaremos com a falta de recursos de um revolucionário sitiado, mesmo quando em zona de fronteira.” (“A Coluna Prestes, Marchas e Combates” de Lourenço Moreira Lima, páginas 110-111, Civilização Brasileira, São Paulo, 1979)


Importante lembrar que quando Prestes escreve a carta sobre a GUERRA DE MOVIMENTO, a Coluna Revolucionária Paulista, já estava estacionada em Foz de Iguaçu, após a heroica retirada de São Paulo, que fora concluída no dia 28 de julho de 1924, há oito meses. Os revolucionários paulistas praticavam a GUERRA DE POSIÇÃO. Foi a estratégia e a tática da GUERRA DE MOVIMENTO, elaborada por Luiz Carlos Prestes, que permitiu aos revolucionários atravessar o Brasil entre 1924 e 1927.


Comando da Coluna Prestes em Porto Nacional. Da esquerda para a direita, sentados, Djalma Dutra, Siqueira Campos, Luiz Calos Prestes, Miguel Costa, Juarez Távora, João Alberto e Cordeiro de Farias. Atrás, em pé, Pinheiro Machado, Atanagildo França, Emigdio Miranda, João Pedro, Paulo da Cunha Cruz, Ari Salgado Freire, Nelson Machado, Manoel Lira, Sadi Machado, Trifino Correia e Ítalo Landucci. Foto: Agência Estado
Comando da Coluna Prestes em Porto Nacional. Da esquerda para a direita, sentados, Djalma Dutra, Siqueira Campos, Luiz Calos Prestes, Miguel Costa, Juarez Távora, João Alberto e Cordeiro de Farias. Atrás, em pé, Pinheiro Machado, Atanagildo França, Emigdio Miranda, João Pedro, Paulo da Cunha Cruz, Ari Salgado Freire, Nelson Machado, Manoel Lira, Sadi Machado, Trifino Correia e Ítalo Landucci. Foto: Agência Estado

Para homenagear a travessia da Coluna Prestes pelo estado de Santa Catarina, a Associação Cultural de Descanso convidou Luiz Carlos Prestes Filho para uma série de eventos que foram programados para os dias 28, 29 e 30 de outubro de 2025. Acompanhado pelo violão de João Felipe Salomão, o filho do Cavaleiro da Esperança apresentará canções e poemas dedicados a maior marcha revolucionária da História. Contará sobre aqueles momentos que marcaram a luta do povo brasileiro pelo direito ao voto secreto e direito do voto feminino; pela soberania nacional; industrialização do Brasil; desenvolvimento científico e tecnológico nacional; fim da censura; e instituição de um regime democrático.


Segue, abaixo, o poema de Luiz Carlos Prestes Filho, sobre a Coluna Prestes como marco fundador da cidade de Descanso. Pois, foram os revolucionários que abriram as picadas e uma clareira na então floresta da região que permitiu, em 1934, a instalação das primeiras quatro famílias, vindas de Casca, então município de Guaporé, Rio Grande do Sul.


Imagem: Arquivo Pessoal do Autor
Imagem: Arquivo Pessoal do Autor

DESCANSO

Cidade de Santa Catarina originada em local de pouso da Coluna Prestes


Atravessaram o rio Uruguai

Faltavam alimentos, chimarrão

Os cavalos estavam cansados

As armas quase sem munição

Depois de abrir picadas à mão

Veio a ordem: descanso será nesse chão


No entorno das fogueiras

Dividiram cada pedaço de pão

Que ainda restava, prestando atenção

O inimigo podia atacar, podia acontecer traição

A noite foi breve, o sono foi leve

Na mata ficou o clarão


Do descanso guerreiro

Que para esta cidade foi o ato de fundação

(Poema de Luiz Carlos Prestes Filho)


Cidade de Descanso, SC. Foto: Reprodução
Cidade de Descanso, SC. Foto: Reprodução

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