top of page

Sionismo anti-imigração e ativistas antirracistas disputam as ruas de Londres

Foto: Hannah McKay/Reuters
Foto: Hannah McKay/Reuters

No sábado (13), mais de 110 mil pessoas participaram de um dos maiores protestos de extrema-direita na história da Inglaterra, em Londres, sendo parte e dando maior proporção a onda anti-imigração em toda Europa. Pelo menos 25 pessoas foram detidas pelas forças policiais nestas manifestações que tem como “slogan” "Unite the Kingdom" (Unir o Reino) e “Send them Home” (mandem eles para casa), clara mensagem chauvinista e racista contra a população imigrante na Inglaterra, culpando-os pela piora das condições econômicas do país.


No ato era possível ver bandeiras da Inglaterra, dos EUA e de Israel, e cartazes com escritos pró-Trump, como “Make America Great Again”/“MAGA”. As bandeiras de São Jorge têm também aparecido nos protestos da extrema-direita como uma forma de ultra-nacionalismo especificamente inglês. Até mesmo um momento de silêncio foi feito em homenagem ao fascista americano Charlie Kirk, assassinado na última semana. O protesto foi organizado pelo jornalista “independente” Stephen Yaxley-Lennon, conhecido como Tommy Robinson, foi preso recentemente e assim que deixou a cadeia participou do protesto. Robinson foi fundador da LDB-Liga da Defesa Britânica (English Defence League ou English and Jewish Defence League), uma organização sionista voltada à perseguição de árabes e muçulmanos em território britânico.


Simultaneamente, com a palavra de ordem de “Stand up to Racism” (combata o racismo), um outro grupo de mais ou menos 5 mil pessoas marchavam em resposta. Além da defesa dos imigrantes e da sua postura antirracista, os manifestantes também criticavam o governo de conciliação do Primeiro-Ministro da Inglaterra, Keir Starmer do Labour Party (Partido do Trabalho). Segundo os ativistas, estes atos foram um lembrete para o governo acabar com a política de conciliação entre os interesses da extrema-direita e da esquerda. Segundo jornais progressistas, o plano do primeiro-ministro, de se adequar as duas agendas, não é possível e ele está perdendo popularidade entre ambas.1 No Whitehall, centro administrativo do Reino Unido, o Chefe de Governo da Inglaterra recebeu o presidente de Israel. Na ocasião, lamentou o assassinato do Charlie Kirk e elogiou o embaixador da Inglaterra nos EUA, Peter Mandelson, que foi forçadamente demitido após o vazamento das suas relações com Epstein2.


Terra de Lord Arthur Balfour, conhecido secretário britânico para os Negócios Estrangeiros responsável por redigir e dar nome à Declaração de Balfour de 1917, que lançou as bases para a formação do Estado de Israel, a Inglaterra, seu Governo e seu Exército, foram os responsáveis pelo apoio e pelo armamento que possibilitou a construção de Israel sobre terras palestinas.


Até maio deste ano, o Reino Unido continuava a enviar suporte militar a favor de Israel em seu genocídio em Gaza. Em julho, o governo britânico se pronunciou numa tentativa de chantagem formal com o Estado de Israel dizendo que “Se Israel não aceitar o cessar-fogo, nós reconheceremos o Estado da Palestina”. Como se a essa altura, com remoções forçadas, centenas de palestinos assassinados diariamente e Gaza em ruínas, um reconhecimento da Palestina por aqueles que desde sempre financiaram seu inimigo pudesse ter alguma relevância.


Vale lembrar, no dia 8 de setembro, 1.500 pessoas se juntaram na Praça do parlamento em Londres em defesa da Palestina e do Grupo Palestine Action que foi considerado como um grupo terrorista pelo governo. Cerca de 900 pessoas foram presas no protesto, e muitas delas apenas por estarem sentadas na praça com cartazes em apoio à Palestina e ao Palestine Action.



2 Peter Mandelson foi demitido do cargo de embaixador da Inglaterra no EUA no dia 11 de setembro, depois que sua relação pessoal com Jeffrey Epstein se tornou pública com o vazamento de documentos pessoais de Epstein. Apesar disso, o Primeiro-Ministro defendeu a permanência do embaixador e alegou que ele tinha “total segurança em seu trabalho”. Horas depois alguns emails trocados entre Mandelson e Epstein foram publicados e sua demissão se tornou imprescindível. (https://edition.cnn.com/2025/09/11/uk/peter-mandelson-uk-ambassador-fired-intl)

Assine nossa newsletter

Receba em primeira mão as notícias em seu e-mail

Seu e-mail
Assinar
bottom of page