SP: Avança articulação estatal para despejar moradores da última favela do centro
- Comitê Revista Revolução Cultural - São Paulo
- 15 de abr.
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Sob o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o velho Estado prepara-se para mais um ataque contra as massas trabalhadoras: a remoção forçada da favela do Moinho, a última favela do centro de São Paulo. Trata-se de uma ofensiva reacionária que visa varrer do centro da cidade os pobres — os trabalhadores, desempregados, camelôs, ambulantes e recicladores — para abrir caminho ao capital especulativo e à gentrificação a serviço da grande burguesia.
Erguida ao longo de décadas de luta e resistência entre os trilhos das linhas 7-Rubi e 8-Diamante da CPTM, a comunidade do Moinho se converteu em símbolo da força das massas por sua prolongada ocupação daquele território. Em vez de reconhecer o direito à cidade dos trabalhadores, o governo estadual quer substituí-los por prédios de alto padrão, centros administrativos e "espaços de lazer" voltados aos estratos abastados da sociedade paulistana— mascarando, sob a fraseologia da “requalificação urbana”, um violento processo de higienização social.

Apesar do discurso oficial de que 84% dos moradores já “aderiram” à proposta, o que se presencia é a chantagem, a coerção e o medo. Na prática muitos moradores, sob o risco de despejo forçado e com a constante presença da repressão policial, aceitaram o plano de remoção por medo, não por convencimento. Trata-se de uma falsa escolha: aceitar a retirada ou ser despejado à força.
A proposta habitacional, longe de representar moradia digna, impõe às famílias um financiamento de 30 anos e um auxílio-aluguel irrisório de R$ 800,00 - completamente incompatível com os preços da região. A “solução” apresentada pelo Estado empurra os moradores para a periferia e reforça a segregação social, sem garantir moradia imediata ou gratuita, como exige a população da comunidade.
O governo recusa qualquer possibilidade de regularização fundiária da favela, alegando riscos operacionais das linhas férreas — o mesmo argumento usado historicamente para justificar despejos forçados e negar direitos. Trata-se de uma política deliberada de expulsão dos pobres do centro, impulsionada por interesses econômicos e não por verdadeiras preocupações com segurança ou dignidade.
A denúncia de que a favela do Moinho serve como base para o tráfico de drogas não passa de uma justificativa policialesca e moralista, utilizada para criminalizar os pobres e justificar o avanço do Estado repressivo. A associação entre o Moinho e a Cracolândia é uma construção política que visa deslegitimar a luta popular e justificar a militarização da vida urbana. Os verdadeiros responsáveis pelo tráfico de drogas na Cracolândia não estão na comunidade do moinho, estão no Higienópolis e no Jardins, bairros "nobres" da cidade, desfrutando de um padrão de vida elevado e benesses, às custas da saúde de uma população vulnerável que é utilizada de bode expiatório pelas forças reacionárias.
Lideranças como Yasmin Moja, nascida e criada no Moinho, denunciam a impossibilidade prática de seguir as condições impostas e exigem, com razão, a gratuidade total das moradias:
Reivindicamos a gratuidade
Justamente pela sua violência, comprovada da repressão da manifestação realizada hoje, e sua centralidade geográfica e social de uma cidade como São Paulo (a mais populosa do país), se apresenta como a luta de todos o povos das cidades; decisiva para o futuro das demais. O seu isolamento é, portanto, condição para o avanço da piora geral.
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