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SP: Estudantes da PUC ocupam universidade contra racismo, perseguições e por melhor estrutura

Prédio piquetado com cadeiras durante ocupação. Foto: Reprodução/Internet
Prédio piquetado com cadeiras durante ocupação. Foto: Reprodução/Internet

Neste momento, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) encontra-se ocupada pelo Movimento Estudantil, em uma combativa paralisação que desmascara o caráter de classe de uma universidade que se diz popular mas, na prática, representa os mesmos interesses do que há de mais reacionário na sociedade brasileira. A ação foi impulsionada pelo Coletivo Saravá, Coletivo da Ponte pra Cá, Estudantes em solidariedade ao Povo Palestino (ESPP-PUCSP), centros acadêmicos e demais forças progressistas que compõem a frente combativa dos estudantes. A ocupação é uma resposta legítima e organizada diante do racismo institucional, da elitização do espaço universitário, falta de políticas de permanência, aumento estrondoso das mensalidades, infraestrutura precária e da repressão política sistemática contra quem ousa defender os povos oprimidos do mundo — como os estudantes que se solidarizam com a Palestina.


Uma das pautas centrais do movimento é a denúncia das violências racistas perpetradas contra estudantes negros e árabes — vítimas do mesmo projeto colonial e imperialista que sustenta as estruturas de exclusão da universidade. Denuncia-se também a perseguição ideológica contra estudantes que se posicionam firmemente ao lado do povo palestino e contra o sionismo, expressão máxima do imperialismo no sudoeste asiático.


Os estudantes exigem a implementação imediata de um currículo antirracista e popular, com letramento racial e de gênero obrigatório para todo o corpo docente. Exigem ainda o aumento das bolsas de estudo, cotas ampliadas para estudantes negros, indígenas e trans, e medidas urgentes para garantir a permanência estudantil diante da crescente carestia — como o preço abusivo do bandejão, que, como símbolo da degradação material da universidade, revelou um rato andando entre os estudantes no horário do almoço.


A queda do teto do prédio velho na segunda-feira (19), no momento em que se realizava uma assembleia estudantil, escancarou não só o descaso com a infraestrutura como também o símbolo de uma universidade que desaba sobre os ombros dos filhos do povo, enquanto lucra com mensalidades exorbitantes. Tal episódio foi decisivo para a deflagração da paralisação e posterior ocupação do prédio, que hoje encontra-se tomado por barricadas feitas com mesas e cadeiras — sinal de que os estudantes não aceitarão mais a velha ordem sem luta.


Como bem disse um estudante do coletivo Saravá em sua fala de deflagração da greve, a data não poderia ser mais simbólica: em 19 de maio, centenário do nascimento de Malcolm X, mártir da luta revolucionária dos povos negros e defensor do direito à autodefesa frente ao racismo sistêmico, os estudantes da PUC-SP se levantam em unidade combativa contra o racismo acadêmico e contra a lógica elitista que persegue, segrega e expulsa os estudantes negros, trans, árabes e periféricos das universidades.


A luta dos estudantes da PUC-SP deve ser compreendida como parte da luta mais ampla contra o sistema de opressão e exploração. Não se trata apenas de reivindicações pontuais, mas da construção de uma nova universidade a serviço do povo, onde o saber não seja mercadoria, e sim arma nas mãos dos oprimidos. A PUCSP foi palco de grandes episódios de resistência contra o reacionarismo, desde a invasão da universidade pelos militares fascistas em 1977, a perseguição, tortura e assassinato de estudantes durante a ditadura militar-fascista, os congressos estudantis, o incêndio do teatro TUCA, a segunda invasão pela polícia em 2007, entre tantos outros que demonstram o caráter proletário e de lutas da base estudantil puquiana. A ocupação é uma escola de organização popular e um grito de guerra contra o velho mundo universitário burguês, racista e colonial.

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