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Índia: “Não interromperemos a luta, ergueremos ainda mais alto a bandeira da luta”

Declaração da Sikasa (Federação dos Trabalhadores de Singareni), sindicato dos mineiros de carvão nas jazidas de Singareni em Telangana.* Traduzido do inglês de maoistroad.


Homens Advasi em mina de carvão no estado de Chattisgarh. A área da mina de carvão já foi uma floresta populada pelo povo advasi. (Mina PEKB, Floresta de Hasdeo, Chhattisgarh, Índia)
Homens Advasi em mina de carvão no estado de Chattisgarh. A área da mina de carvão já foi uma floresta populada pelo povo advasi. (Mina PEKB, Floresta de Hasdeo, Chhattisgarh, Índia)

Quantos anos mais, heróis mascarados... Suas conspirações mencheviques... Às amadas fileiras revolucionárias, aos democratas, ao povo...


O povo da Índia vem lutando há centenas de anos para pôr fim às classes nesta sociedade, por uma sociedade livre da discriminação de castas, da dominação e da exploração. Essas lutas têm se mantido vivas, e os protestos têm assumido muitas formas. Podem ser feitos com panos amarrados ao rosto, com bandeiras negras, com boicotes às aldeias, com paralisações do trabalho dos exploradores, com interrupções da produção pelos trabalhadores; muitos esforços legais têm sido empreendidos. No fim, o povo impõe severos castigos aos servidores do Velho Estado. Essa é uma verdade histórica.


Os protestos e bandhs em Singareni (Região carbonífera localizada principalmente no estado de Telangana, sul da Índia) vêm ocorrendo sob muitas formas de luta desde os primeiros dias de Singareni. A sirene dos movimentos em Singareni ressoa desde o tempo da Jagityala Jaitrayatra (“A marcha vitoriosa de Jagityala”), que começou com o slogan “Banchan Dora… Kalmokta Dora… no more!” ("Senhor explorador… Senhor opressor… Basta!").  Desde a fundação da Sikasa, em 1982, o movimento operário tem sido um modelo para todos os movimentos das minas de carvão da Índia. Os trabalhadores conseguiram muitas conquistas através de protestos por água potável, educação, assistência médica e moradia. Lutaram incansavelmente, suportando diversos tipos de restrições impostas pelo Estado. Transformaram lutas econômicas em lutas políticas. Fizeram muitos esforços pela proteção ambiental. Cerca de 36 pessoas que apoiaram as lutas organizadas pela Sikasa doaram sangue.


Sunita Devi Prasad Santraj mostra uma foto do marido, morto junto com outras 25 pessoas em fevereiro de 2001, quando a mina Bagdigi, em Jharkhand, foi inundada. (Ensaio sobre mineradores na Índia: Arindam Mukherjee)
Sunita Devi Prasad Santraj mostra uma foto do marido, morto junto com outras 25 pessoas em fevereiro de 2001, quando a mina Bagdigi, em Jharkhand, foi inundada. (Ensaio sobre mineradores na Índia: Arindam Mukherjee)

Assim como é verdade que “uma mãe sem dor não dá à luz a uma criança”, também se tornou um fato na vida dos trabalhadores de Singareni que direitos não se conquistam sem lutas e sacrifícios. “Mantras não afastam as tristezas” é uma verdade reconhecida no mundo todo. Mas aqueles obcecados pelo Manuwad (ideologia de Manu, o mítico legislador do Manusmriti - as Leis de Manu -, texto fundamental do sistema de castas hindu) se recusam a aceitar tal afirmação.


Venugopal não é ignorante quanto à história das lutas dos trabalhadores de Singareni, mas agora tenta distorcer esses fatos com uma mente perversa e inverter a história.


Ele está escorregando do marxismo para a teoria do karma. Está lentamente reunindo um grupo para colocar em prática as ideias reacionárias que fermentam dentro dele há um ano. Usou uma ou duas pessoas como Jinugu Narasimha Reddy como seus agentes e agiu como uma espada coberta de mel. Tentou prejudicar o avanço da revolução indiana ao zombar dos sacrifícios dos mártires e ao apoiar os “muhurtas dos Manuwadis” - termo sânscrito que significa “momento auspicioso” ou “hora marcada segundo a astrologia hindu”. Abandonou o método de resolver discussões ideológicas, estratégicas e políticas de forma centralizada e democrática, e adotou a linguagem dos governantes, que são agentes dos exploradores. Está fazendo isso como parte de um plano para criar caos no partido maoísta, nas fileiras revolucionárias, entre os democratas e, por fim, entre o povo.


Os revolucionários, que fazem sacrifícios sem fim, nunca hesitam em mudar sua estratégia e tática conforme as necessidades de seu tempo histórico. A Sikasa apenas acredita que a teoria do karma, pregada pelos Manuwadis em nome das circunstâncias de seu tempo histórico, não serve ao progresso da revolução. A Sikasa continua as lutas legais e democráticas com o objetivo de uma sociedade livre da exploração do trabalho. Avança em todas as formas de luta com base nas opiniões da maioria dos trabalhadores, buscando resolver seus problemas.


“A derrota é como a mãe da vitória.” Há mudanças de lugar nos movimentos e nas lutas, mas não há astra sannyas (abandono das armas). Nada disso é desconhecido por Venugopal, não é algo que ele não tenha ensinado ou escrito em algumas páginas. Como um paciente de Pachakamarla (doença ou estado de debilidade), agora fala exatamente o contrário... cria caos e confusão nas fileiras... mesmo sabendo que a teoria que propaga é inválida.


Em nome da Sikasa, declaramos mais uma vez que continuaremos o legado da luta sob a bandeira vermelha, iniciada com o sangue dos mártires de Chicago, e avançaremos na busca pelos direitos dos trabalhadores.


Se há algum respeito pelos sacrifícios dos mártires, apelamos para que abandonem ideias e políticas erradas.


Vocês, que estão se tornando um obstáculo ao progresso do movimento revolucionário indiano e cometendo traição, estão ao menos traindo Amma Madhuramma ao esquecer o juramento que declararam com um voto.


Ashok

Secretário da Singareni Karmika Samakhya (C.K.S.)


*A Índia é o terceiro maior produtor mundial de carvão e tem pouca regulação sobre a segurança dos trabalhadores. A maior parte destes empregados são homens advasis que tiveram suas terras tomadas e destruídas para exploração do carvão. Os acidentes são recorrentes e a falta de proteção adequada faz com que a maioria desenvolva problemas de pulmão. A fronteira de Telangana e Chattisgarh está no corredor vermelho indiano do Partido Comunista da Índia (Maoista) e foi alvo das últimas megaoperações da ofensiva Kagaar. 



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