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RJ: A obra eleitoreira do MUVI e a farra com dinheiro da venda da CEDAE

Atualizado: 21 de mai.


Foto: Jornal O São Gonçalo
Foto: Jornal O São Gonçalo

O projeto de Mobilidade Urbana Verde Integrada (MUVI) foi anunciado como um plano de utilização do espaço deixado pelo antigo ramal de trem de Visconde de Itaboraí para a implementação de um corredor exclusivo de ônibus, a macro e a microdrenagem da área, além da construção de uma ciclovia. Porém o que se comprovou na prática foi um projeto eleitoreiro, com muitos furos, superfaturado e que se afastou muito da proposta inicial. O MUVI foi convenientemente iniciado há 8 meses antes das eleições municipais de 2024, e foi amplamente usado de propaganda pela campanha de reeleição do atual prefeito Nelson Ruas. As obras começaram sem a divulgação de um plano claro prévio, nem mesmo houve realização de audiências públicas para avaliar o interesse popular pela iniciativa. Todas as tentativas de se obter algum requerimento de informações do projeto por parte de iniciativas populares foram sumamente ignoradas, e mesmo as que são respondidas demoram quase um mês para se ter retorno.


Anunciado como um corredor exclusivo de ônibus, o que se viu após o início das obras foi meramente um aumento do número de faixas para os carros e a abertura de dezenas de vagas de estacionamento. Como se já não bastasse a obra foi sendo desenvolvida com muitos erros: diversas rampas foram feitas como se fossem degraus, nenhum dos pontos de ônibus possui recuo, vários pontos estão com espaçamento entre rua e calçada mal calculado, dezenas de árvores cortadas sem nenhum motivo, várias ruas tiveram seus acessos fechados pelo projeto do MUVI e sem alternativas de retorno próximos. No bairro Porto Velho, os motoristas precisam andar 2,3km para retornarem e depois entrar na Rua Manoel Duarte, que possui diversos estaleiros e um enorme galpão de um supermercado de grande porte do Rio, além de duas linhas de ônibus.


Arquivo Revista Revolução Cultural
Arquivo Revista Revolução Cultural

Apesar de o governo estadual ter prometido acabar com os alagamentos, as obras de macrodrenagem que foram empreendidas não garantiram o fim dos alagamentos, pelo contrário. Diversas ruas em que não havia alagamentos, passaram a ter e em diversos pontos que possuíam alagamentos históricos continuam a alagar. A obra que está orçada em R$287 milhões não possui nenhum detalhamento sobre os gastos reais e possui prazo de entrega para agosto de 2025, mesmo a olho nu não estando nem perto de estar concluída. O povo de São Gonçalo tem se questionado bastante sobre o que é o projeto, pois como nada foi divulgado e explicado, existe nas pessoas um temor que esses problemas que a obra já aparenta ter piorem e tornem esse deslocamento no trecho ainda mais complicado.


Av. Presidente Kennedy, Centro de São Gonçalo. Foto: Núcleo da Revista Revolução Cultural em São Gonçalo
Av. Presidente Kennedy, Centro de São Gonçalo. Foto: Núcleo da Revista Revolução Cultural em São Gonçalo

A obra do MUVI e tantas obras derivou de um projeto chamado ‘’Pacto RJ’’, que foi financiado com o dinheiro da venda da CEDAE¹, que foi privatizada em 2021 com o argumento que a venda da mesma poderia equilibrar as finanças do governo do estado², o que não aconteceu, a mesma foi vendida a um preço total muito inferior ao seu valor de mercado (mesmo tendo sido vendida em vários blocos). Com um claro objetivo político, após a liberação do dinheiro da venda, o calhorda Claudio Castro destinou esse dinheiro a diversas obras faraônicas em municípios de seus aliados políticos, como é o caso do MUVI em São Gonçalo. Outras obras, como é o caso da rodovia RJ-099³ estão abandonadas e com denúncias de superfaturamento.


Claúdio Castro e Capitão Nelson no lançamento do MUVI. Foto: Prefeitura de São Gonçalo
Claúdio Castro e Capitão Nelson no lançamento do MUVI. Foto: Prefeitura de São Gonçalo

Desde 2020 São Gonçalo tem como prefeito o PM reformado Nelson Ruas, conhecido como Capitão Nelson, que responde a vários processos na justiça de assassinato, associação criminosa e envolvimento com grupos de extermínio durante a ditadura militar. Inclusive é réu no caso do assassinato da juíza Patrícia Acioli, além de ter sido citado na CPI das milícias. Nelson é membro do mesmo partido de Cláudio Castro, o PL, e possui muitas ligações com Jair Bolsonaro, que já participou de diversos eventos em conjunto na cidade.


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¹A CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) era uma empresa estatal que cuidava do tratamento de água e esgoto no estado do Rio.

²A venda da empresa estatal foi colocada como condição para empréstimos conseguidos com o governo federal e do regime de recuperação fiscal a que o estado do Rio de Janeiro estava submetido.


³Rodovia que ligaria Seropédica a Piraí, ligando a BR-101 (Rio-Santos) a BR-465.

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