top of page

Por falar em soberania, e a digital?

Fernando Haddad e Jensen Huang, fundador do oligopólio Nvidia.
Fernando Haddad e Jensen Huang, fundador do oligopólio Nvidia.

As medidas econômicas e políticas adotadas pelo chefete reacionário ianque Donald Trump, atiçadas pelo clã da família Bolsonaro, contra o Estado brasileiro têm suscitado grandes debates sobre soberania nacional.


Nessa toada, entrou em discussão a questão da soberania digital, que segundo especialistas e pesquisadores diz respeito à autonomia que a sociedade deve ter para decidir que tecnologias vai desenvolver e usar em seu benefício. Essa articulação tem sido realizada por meio da chamada Rede pela Soberania Digital, movimento que busca reduzir a dependência externa, principalmente das big techs estadunidenses, e tentar manter a soberania do Brasil sobre os dados de sua população¹.


As informações sobre o povo brasileiro, como aquelas geradas pelo IBGE, do Sistema Único de Saúde (SUS), das políticas de assistência social, da Receita Federal, as pesquisas científicas desenvolvidas nas universidades e relacionadas à segurança nacional estão armazenados em nuvens das grandes corporações da área de tecnologia como Google, Amazon, Microsoft, Meta, etc. Nenhuma delas sediadas em território nacional.


A iniciativa de pautar a soberania digital é bem-vinda, entretanto não se pode ter ilusões nesse debate, principalmente em relação ao governo Lula.


Em maio de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve visitando as big techs no chamado Vale do Silício, Califórnia, Estados Unidos². Em sua bagagem estava a proposta do Plano Nacional de Data Centers (REDATA), que em resumo oferece às corporações imperialistas desoneração fiscal para equipamentos e exportações de serviços, além de franquear o acesso à energia elétrica renovável e à água imprescindíveis para o funcionamento dos seus centros de dados. Nos cabe perguntar: O plano do governo Lula contribui para a nossa soberania ou é mais um passo em direção à subserviência e ao colonialismo dos dias de hoje?


No que diz respeito à dominação tecnológica das grandes corporações, é preciso tratar das diferentes potências imperialistas. A multinacional chinesa TikTok pretende instalar em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, um data center que irá consumir por dia a mesma quantidade de energia que 2,2 milhões de brasileiros gastam em suas residências³.


Para fins de comparação essa quantidade de energia é maior que a consumida em capitais como Manaus e Curitiba. Além da questão energética existe a enorme demanda de água desses data centers para o resfriamento. A região de Caucaia tem histórico de seca e escassez hídrica e a instalação do data center irá representar racionamento de água para o povo e acesso privilegiado a esse recurso natural para a multinacional TikTok.


Contra o projeto de instalação do data center do social-imperialismo chinês, indígenas da etnia Anacé ocuparam a Superintendência de Meio Ambiente do Ceará no dia 4 de agosto de 2025. A área em que se pretende instalar o data center é um território reivindicado pelo povo Anacé desde 2003, ano 1 do primeiro governo Lula.


Além do data center do TikTok, existem projetos para se construir outros quatro complexos para abrigar dados de “inteligência artificial” (IA), nos municípios do Rio de Janeiro (RJ), Eldorado do Sul (RS), Maringá (PR) e Uberlândia (MG). Esses quatro “empreendimentos” consumirão energia elétrica equivalente a 16,4 milhões de residências.


Importante destacar que esses data centers aparecem vinculados à empresas com nomes fantasia como Rio AI City, Scala AI City, RT-One e Casa dos Ventos, mas que se formos seguir o rastro do dinheiro comprovaremos se tratar de empresas testa de ferro, sucursais das big techs.


A expansão de data centers nos territórios de países dominados, como o Brasil e toda América Latina, é a consolidação da política colonialista que tenta se repaginar com os discursos de “progresso”, sob a égide da inovação tecnológica. Colonialismo esse, reconfigurado, no qual a exploração não se reduz apenas por meio de mercadorias, mas também por meio de dados, comportamento e infraestrutura.


Um autêntico projeto de soberania nacional não será capitaneado pela corja de oportunistas, representada pelo trio Lula/Alckmin/Haddad e seus asseclas. Esses são agentes da burguesia e do latifundiários brasileiros que se prestam apenas a barganhar entre os imperialismos, ianque e chinês, quem vai explorar mais as riquezas do nosso país, o sangue e o suor do nosso povo.


Recentemente a questão da soberania foi tratada com muita propriedade na Revista Revolução Cultural. A conclusão do artigo é clara: de nada serve proclamar a Soberania do Estado e da Nação sem que se faça da soberania popular um objetivo.





4 No Brasil já existem 188 data centers instalados, todos eles dedicados ao armazenamento de dados em nuvem (iCloud, Google Drive, DropBox, etc).




Assine nossa newsletter

Receba em primeira mão as notícias em seu e-mail

Seu e-mail
Assinar
bottom of page