EUA: Política de deportação gera crise na produção agrícola
- Felipe Dutra
- há 11 minutos
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A política de deportação em massa de imigrantes promovida por Trump tem gerado uma enorme crise na produção agrícola das fazendas americanas, principalmente no norte da Califórnia.
Isso se deve ao fato dos imigrantes comporem cerca de 80% da mão de obra da produção de alimentos, dos quais pelo menos metade estão em situação ilegal. Ameaçados de prisão e deportação pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA, na sigla em inglês), esses trabalhadores que já vivem em situação de baixos salários e poucas garantias de direitos trabalhistas optam muitas vezes por não irem ao trabalho por medo.
São incontáveis os relatos de trabalhadores imigrantes, dos quais muitos vivem na região metropolitana de Los Angeles, que têm buscado amigos ou parentes para fazer suas compras no supermercado ou mesmo oferecer caronas ao trabalho. Uma situação constante para evitar se expor na rua ou no transporte público e acabar sendo preso.
A crise de produção tem levado ao aumento do preço dos alimentos e do custo de vida no geral. Trabalhadores americanos, acostumados a condições de trabalho melhores do que a dos imigrantes, têm se negado a cobrir estes postos de trabalho e têm exigido do governo federal, assim como os donos de fazendas, uma solução para o caso.
O slogan eleitoral de Trump de “América para os americanos” tem, na prática, demonstrada não só a sua impossibilidade como também o seu papel para a maior instabilidade política e social, comprovada nos recentes protestos históricos que reuniram mais de 1 milhão de pessoas nas ruas dos EUA. Esta consequência inevitável foi apontada pela Revolução Cultural quando do início dos protestos anti deportação:
A medida [de deportar imigrantes] por si já é desesperada, afim de sustentar seu programa eleitoral, porque deportar toda a massa de estrangeiros, principalmente latinos (como os mexicanos), esvaziará os postos de trabalho mais degradantes e obrigará a massa estadunidense mais empobrecida a cobri-los, aumentando a insatisfação interna e rompendo seu discurso de “América para os americanos”.
